segunda-feira, 25 de junho de 2012

A PROPÓSITO DA RIO+20


Às vezes em sala de aulas, em conversas com meus alunos, tenho um hábito de estar sempre lhes questionando sobre assuntos do cotidiano, que contadores e mui especialmente estudantes de contabilidade, indagam: 

Que isso tem a ver com a contabilidade e seus estudos? 

Normalmente, provoco-lhes com uma outra questão: 

E o que não tem a ver com a contabilidade?

Penso que só não tenha a ver com a contabilidade, assuntos que não façam nenhuma relação com o comportamento patrimonial das organizações. Mas, óbvio, diante das minhas limitações, não consigo enxergá-los. Ou seja, sempre vejo os assuntos impactando de uma forma ou de outra o patrimônio das entidades. Daí, sem chance, está a contabilidade ali também.

Pois é, isso permeou intensamente meus pensamentos sempre que acompanhei as notícias/matérias sobre o maior conclave mundial acerca do meio ambiente, ocorrido nas duas últimas semanas no Brasil. A Rio+20. Seja na parte oficial, seja nos eventos paralelos, estava lá a Contabilidade, fazendo parte de tudo, visto por mim como se fosse uma obsessão. Até porque, nada foi mais intensamente referenciado, discutido, evidenciado, do que o patrimônio mundial (e, por conseguinte das organizações), em termos de riscos tenebrosos e possíveis ganhos.

E como seria a evidenciação disso tudo e sua accountability?

Também nesses dias, em minhas leituras, deparei-me com um texto bastante interessante que de certa forma, demonstra o quanto já se estuda seriamente sobre essas questões no âmbito puro da contabilidade. Isso é feito no Necma (Núcleo de Estudos em Contabilidade e Meio Ambiente), liderado pelo Professor da USP, Roberto Kassai. Ou seja, melhor vocês conferirem o texto abaixo publicado na edição on line do Jornal Contábil. Leiam:


Balanço verde é alvo de nova contabilidade

Um novo tipo de balanço contábil para empresas e governos desponta para colocar os danos ambientais ou sociais na coluna de “passivos”, enquanto as ações compensatórias seguem para a coluna de “ativos”, ambos ao lado de resultados financeiros e patrimoniais.

É o que explica José Roberto Kassai, professor da USP (Universidade de São Paulo), que lidera mais de 50 pesquisadores de múltiplas áreas e também parcerias de empresas, governos e instituições no Necma (Núcleo de Estudos em Contabilidade e Meio Ambiente) .

“Ainda parecem duas áreas distintas, mas é uma mudança cada vez mais evidente”, afirma ele, ao citar como exemplo os ativos como florestas, terras produtivas ou capacidade de absorção de carbono em oposição aos “gastos” como as queimadas ou as mudanças climáticas.

Tópicos básicos / O novo sistema de balanços pesquisados pelo grupo tem quatro eixos principais:
  1. Econômico, 
  2. Social, 
  3. Ambiental e 
  4. Governança.  


“O futuro crescimento do mercado de capitais deve colocar  a maioria das empresas nas mãos da sociedade, que vai exigir transparência”, diz.

Dessa forma, os resultados financeiros serão tão importantes como a geração de empregos com equilíbrio de gênero, étnia e renda no lado social. E a prevenção de danos ao meio ambiente estará junto ao controle interno. E com prestação de contas.

“O José Goldemberg, que é um Nobel do meio ambiente, aponta os cinco desafios atuais como mudarmos o PIB [soma de geração de riquezas], acabar com subsídios de energia, reduzir o crescimento populacional, preservar a biodiversidade e elevar o conhecimento sobre nosso rumo, afirma.

Movimento global / A estrutura de aplicação dos quatro eixos da nova contabilidade foi desenvolvida em contatos com movimentos empresariais como o Instituto Ethos e o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), além de referências internacionais como o GRI (Global Reporting Initiative), que reúnem boa parte das grandes empresas brasileiras e multinacionais.

“Essa discussão ética implica envolver todos os ‘stakeholders’, ou seja, administradores, fornecedores, governos, investidores, clientes, comunidade e outros”, define. Mas existe pressa, porque o balanço global é de perdas para o meio ambiente.

Jundiaí tem bônus para o cálculo
O trabalho desenvolvido desde 2005 pelo Necma, ligado à Faculdade de Administração, Economia e Contabilidade da USP, usou as metodologias da nova proposta contábil para apontar o Brasil entre os raros saldos positivos dos “monster countries”, nome do grupo que forma ao lado de outros grandes países em extensão territorial do mundo ao lado de Estados Unidos, China, Índia e Rússia.

Um segundo trabalho, analisando os estados brasileiros, começou em 2008 e está sendo divulgado agora e comprova um dos motivos dessa situação. Os estados da Amazônia, que abriga a maior cobertura florestal do planeta, lideram o balanço verde.

“Nosso desafio é colocar no passivo as questões ligadas com a pobreza e falta de infraestrutura das populações. Ainda não está claro quanto vale uma árvore em pé, e muito menos uma floresta inteira”, explica Kassai.

A próxima etapa, mais complexa, é o trabalho a nível de municípios ou até mesmo regiões. E Jundiaí é um dos alvos pretendidos pelo pesquisador. Um dos motivos é o bônus visível que a cidade abriga com a conservação de áreas como a Serra do Japi e zonas de mananciais.

“Tenho mantido contatos com a Diretoria de Meio Ambiente da administração municipal. Precisaremos buscar parcerias para viabilizar profissionais como biólogos, climatologistas, sociólogos  e outros especialistas. ”, diz.

As variantes que desafiam as equações definitivas são a diversidade biológica (de plantas e animais em cada bioma) e o processo de emissão ou absorção de carbono.

Um consenso sobre novos tipos de contabilidade pode facilitar, por exemplo, um mercado de pagamentos de serviços ambientais para remunerar áreas que conservem a vida natural ou a geração de água.

Obras /Além da USP, o trabalho tem parceiros na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) com métodos que podem ajudar o cálculo de impacto urbano, ambiental e de vizinhança de novas obras.

Jornal Contábil – Edição on-line

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Atenção! Queres ser empreendedor?


Empreender é uma arte que requer coragem, determinação, conhecimento, habilidades e muita pertinácia, visto ser algo que dispõe em si mesmo de uma quantidade considerável de riscos. Portanto, ao empreendedor é exigido um alto grau de reflexão e estudo detalhado de diversos pontos, a fim de serem evitados futuros insucessos.

Rogério Chér, em seu livro A Gerência das pequenas e médias empresas: que saber para administrá-las,  (2002 : 51-52) cita quinze variáveis que deverão ser observadas na abertura de negócio:

Sazonalidade;
Perfil do mercado consumidor;
Perfil dos principais fornecedores;
Grau de influência de decisões governamentais;
Perfil da concorrência;
Participação de mercado;
Políticas mercadológicas da concorrência;
Políticas de preços;
Prazos de pagamentos;
Políticas de créditos e financiamentos;
Estrutura administrativa da concorrência;
Estrutura de vendas da concorrência;
Técnicas de operação e produção da concorrência;
Necessidade do mercado consumidor;
Políticas de garantia, assistência técnica.

No entanto, a fim de melhor consubstanciar este assunto, com maiores, atuais e embasadas posições, sugiro a leitura abaixo da matéria publicada hoje no Jornal Contábil – on-line, que teve como fonte a revista Exame. Confirmem:


As habilidades que todo empreendedor deve ter


Ter uma boa ideia e paixão pelo negócio não bastam para que você seja um empreendedor de sucesso. Para Fernando Campos, investidor-anjo e gestor da Devise, dominar técnicas de gestão de negócios é a habilidade que ele mais sente falta nos empreendedores brasileiros. “Você pode ter capacidade técnica, domínio de conhecimento e ótimas ideias, mas também é preciso ter visão de negócios, saber gerir e liderar pessoas”, afirma.

Edison Kalaf, professor de inovação e empreendedorismo da Business School São Paulo (BSP), conta que o essencial é acreditar no negócio e se dedicar. “É o trabalho que importa, não basta só investir”, diz.

Com a ajuda de Campos, Kalaf e Rose Mary Lopes, coordenadora do Centro de Empreendedorismo da ESPM, Exame.com listou algumas habilidades indispensáveis para ser um empreendedor de sucesso.

Ser determinado
Por mais que uma pessoa tenha cursos e certificados, dificilmente acertará seu negócio de primeira. “Tem que ser persistente usando a razão, pois alguns empreendedores se apaixonam pela ideia e não conseguem enxergar além disso”, explica Kalaf.

Para Campos, o empreendedor não pode desistir por qualquer barreira. “É preciso ter essa energia para, por exemplo, ligar para amigos e pedir indicações e também para bater na porta de clientes”, afirma. “Um empreendedor tem que matar vários leões por dia, mas tem que ter claro quais são os seus objetivos para poder casar com as oportunidades que surgirem”, explica Rose.

Dominar técnicas de gestão
Contabilidade, recursos humanos e áreas de suporte ao negócio exigem conhecimento formal. Mesmo em uma empresa muito pequena é preciso identificar em quais áreas ele precisa de ajuda e gerir. “Uma boa forma de aprender é frequentar competições de startups, quem ganha fala de seus negócios e conta como se prepara”, explica Campos.

Kalaf conta que o empreendedor precisa assumir que não é genial para tudo. “Improvisação em geral dá certo, mas não dá para improvisar sempre”, afirma. Para Rose, não é um aprendizado fácil: um empreendedor tem que aprender a demitir pessoas, por exemplo.
Manter-se informado
Para os especialistas, além da importância de se atualizar sobre o mercado em que atua, é preciso estar atento também com o que está acontecendo dentro de sua empresa. “Verifique se há insatisfações. Você pode não estar canalizando talentos adequadamente”, explica Rose.

“De nada adianta entrar em um negócio em que pouco se entende. Naturalmente que o empreendedor não precisa ter anos de experiência em um determinado segmento para poder empreender, mas ele deverá no mínimo fazer um belo dever de casa estudando tudo o que puder sobre o tema antes de se aventurar”, explica Campos.

Além disso, é bom o empreendedor circular em eventos de outros setores e trocar informações com pessoas de seu segmento.

Saber ouvir
“Muita gente acha que tem essa capacidade, mas alguns empreendedores têm uma postura muito confiante e não estão dispostos a ouvir opiniões que podem lhe ajudar e ajudar seus negócios”, afirma Campos. Ele explica que um empreendedor precisa, sim, ser confiante, mas precisa aceitar que algumas vezes ele pode estar errado. “Alguns fingem que sabem ouvir, mas depois acabam ignorando ou abandonando tudo que você falou“, diz.

Saber se comunicar
Kalaf diz que todo empreendedor precisa saber vender suas ideias e produtos bem. “Ele tem que ser capaz de comunicar a sua visão de negócios e valores para outros e conseguir inspirar as pessoas com quem trabalha”, explica. Essa habilidade o tornará líder para conseguir apoio para suas ideias e incentivará inovação.

Ter autocrítica
O empreendedor precisa se conhecer bem para identificar quais são os seus pontos fortes e fracos. “Caso contrário, ele pode extrapolar no otimismo, na sua vontade de achar que pode dar tudo certo e que pode fazer tudo sozinho”, afirma.

Ela explica que muitos empreendedores não conseguem perceber alguns sinais de alerta, como de que precisam de um parceiro que seja experiente em uma área que ele não domina.


Publicada em Jornal Contábil - edição on-line

Fonte: Exame

quinta-feira, 24 de maio de 2012

VOLTANDO A FALAR DE CONTABILIDADE

Pois é! 
Façamos sempre aquilo que embora não sejamos "experts", mas que tenhamos ao menos alguma "expertise" sobre o assunto. Sendo assim, que falemos daquilo que nos afeta mais diretamente, que são as coisas ligadas à área dos negócios. Contabilidade por exemplo.

Primeiro, aproveito para divulgar e óbvio convidar as pessoas interessadas a comparecer em mais um evento promovido pela FAINOR, dessa vez organizado pelas IES de Ciências Contábeis e de Administração, o 1º EFACC (Encontro das Faculdades de Administração e Ciências Contábeis), que ocorrerá de 24 a 26 de maio, onde, dentre outros temas, discutirá aspectos voltados a Tópicos Contemporâneos em Contabilidade. Lá, por exemplo, ministrarei no sábado 26/05/2012 das 08 às 12 horas o seminário: Semiótica na Comunicação entre a Contabilidade e os seus Usuários.

E, como forma de demonstrar minha satisfação em falar de coisas ligadas a contabilidade, peço aos senhores, a atenção na leitura do texto abaixo produzido por um dos ícones da área de negócios, Antonio Marmo Trevisan (Auditor e consultor de empresas desde 1970, graduado em Ciências Contábeis pela PUC de São Paulo. Diretor e Fundador da Trevisan Escola de Negócios, entidade de ensino que se tornou referência nacional pela tecnologia instalada e metodologia diferenciada em cursos de graduação, extensão, pós-graduação e MBA). 

Vejam o texto, ele fala por si só:


Respiramos Contabilidade, apenas porque nos faz bem, e bem para a Sociedade

Por Antônio Marmo Trevisan

A ciência da sinceridade

No Brasil do capitalismo democrático, a contabilidade é cada vez mais relevante, um fator decisivo para a credibilidade dos setores público e privado.

A ciência contábil floresce e se desenvolve quanto mais democrático for o país. Balanços publicados dão a dimensão do desempenho das organizações. Se os lucros dos bancos são maiores do que a soma dos obtidos pelas outras empresas listadas na Bolsa de Valores, conclui-se que os juros estão elevados e sugam parte da saúde financeira dessas firmas. E mais: a política monetária é alterada em função dessa informação. Se o balanço da previdência indica despesa maior do que as contribuições, o sistema está comprometido.

Imaginem informações dessa natureza em ditaduras. Tiranos controlam seu povo sem lhes dar condições de divergir, e a contabilidade é ciência da sinceridade! A relevância do contador é de tal ordem, que em países como a Inglaterra o orçamento do governo é assinado por um desses profissionais e entregue ao Parlamento pelo primeiro ministro, em ato de visibilidade pública. Jornais e revistas debatem o orçamento e programas de TV e rádio passam temporadas tratando do tema. Ser contador no Reino Unido tem tal significado que até pouco tempo atrás era a rainha quem entregava solenemente a carteira profissional.

Por que no Brasil a contabilidade não foi tratada da mesma forma? Por que os nossos jovens não se entusiasmam pela carreira? Afinal, paga-se muito bem, o mercado sempre demanda esse profissional e ele pode ser um empresário. Parece que a profissão perdeu parte da relevância na ditadura. Informação clara não era o que se queria levar à sociedade. Outro aspecto foi a inflação dos anos 70 e 80 e parte dos anos 90. Durante quase três décadas, nossos bravos contadores ficaram de cabelos brancos, cuidando de corrigir monetariamente os balanços. Sem falar na interferência do fisco, que fazia da contabilidade o seu instrumento para calcular e taxar.

Parte das mudanças veio com a Lei das Sociedades por Ações, de nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, iniciando-se um processo de arejamento da contabilidade brasileira, possibilitando a abertura do mercado de capitais e viabilizando recursos da poupança para as empresas. Mais recentemente, a lei 11.638, de 28 de setembro de 2007, adequou nossa contabilidade às normas internacionais.

A grande missão da contabilidade desde o seu criador, o frei Luca Bartolomeo de Pacioli, é estabelecer a responsabilidade no trato da coisa pública e privada. Este elementar princípio, que ele descreveu em 1494, instituiu uma nova ordem, que indicava ser impossível que alguém aplicasse um recurso sem ter a sua origem definida. Quando não se respeitam tais pressupostos, tende-se a montar orçamentos que não fecham, contas que não batem e empresas e países que quebram.

No Brasil atual do capitalismo democrático, a contabilidade é cada vez mais relevante, um fator decisivo para a credibilidade dos setores público e privado. Por isso, é fundamental a formação de novos contadores altamente capacitados no plano técnico e conscientes de seu papel no desenvolvimento. Que os jovens descubram essa emocionante profissão.

Artigo publicado no Brasil Econômico.
Fonte: JornalContábil – Edição on-line

sexta-feira, 18 de maio de 2012

DESRESPEITO À EDUCAÇÃO NA BAHIA


Às pessoas que normalmente me leem, e, que pelo qual sou intensamente agradecido, e, óbvio a outras tantas que vêm aqui a fim de encontrar assuntos atinentes à contabilidade ou geralmente ligado a área de negócios, peço desculpas e permissão para tratar aqui abaixo, de um tema de extrema importância para esse Brasilzão tão carente de acertar o rumo, que é a educação, e especialmente no tocante ao descaso em que a mesma é intensamente tratada pelo governo do meu estado. Que a propósito, nada melhor que o velho e espetacular Gregório de Matos e Guerra para referenciar:

Triste Bahia

Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.

A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.

Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.

Oh se quisera Deus que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!
                                                       
Gregório de Mattos

Do livro "História concisa da Literatura Brasileira", de Alfredo Bosi, Editora Cultrix, 1994, SP. 

Mas, para desanuviar um tema ou questão tão densa e triste, peço a permissão para publicar abaixo quadrinhos que me foram enviados pelo Professor Dirlei Bonfim, que por si sós dizem tudo.


Lamentável realidade!!!


Olá, Professores e alunos.

Vejam






sexta-feira, 27 de abril de 2012

MERCADO DE CONTABILIDADE É FAVORÁVEL À PROFISSIONAIS QUALIFICADOS

“Onde estão os contadores especializados?”
Essa é uma questão recorrente do mercado de contabilidade após a adequação da nossa contabilidade aos padrões internacionais.
Quando os estudantes dos cursos de contabilidade no Brasil exigirão de suas faculdades de ciências contábeis, integral aderência a esses reclames do mercado de trabalho contábil?
Pensando nossa realidade, não vejo incentivos para estudos científicos produzidos academicamente por docentes e discentes que nos leve a investigar se:
§  As estruturas curriculares, instalações e tecnologias disponíveis (laboratórios, inclusive bibliotecas);
§  Qualificação de professores e dirigentes dos cursos de ciências contábeis;
§  Implantação de atividades de extensão universitária.
Estão efetivamente de acordo com as exigências dos referidos padrões contábeis, e, consequente necessidade desse mercado em expansão permanente desde 2009.
Para reflexão e avaliação crítica sugiro a leitura do artigo postado.
País precisa de contadores
A partir da adequação obrigatória ao novo padrão internacional de contabilidade, os International Financial Reporting Standards (IFRS), em 2009, ocorreu uma grande transformação no mercado de auditoria e consultoria do Brasil.
Na mesma época, o Conselho Federal de Contabilidade emitiu diversas resoluções, estabelecendo um novo padrão contábil para as empresas que não estavam enquadradas na Lei 11.638/2007, conhecida como a Nova Lei das S.A., cujo objetivo principal é harmonizar as regras brasileiras com as implementadas no mercado europeu. Com isso, chegou a vez de as pequenas e médias empresas se adaptarem às normas internacionais.
A aplicação dos International Financial Reporting Standards elevou os níveis de transparência, pois os balanços tornaram pública a real saúde financeira e patrimonial das empresas, e a conversão das normas internacionais de relatórios financeiros permitiu às companhias pequenas e médias remodelar os negócios com índices reais de desempenho. Além disso, nos últimos anos surgiram novas obrigações com o Fisco, como o Sped Contábil, o Sped Fiscal e a Escrituração Fiscal Digital (EFD) do PIS e da Cofins, que tomam muito tempo dos profissionais ou exigem a contratação de outros especialistas no assunto.
Queda
Mas ao olharem para o lado, empresários e empreendedores se perguntaram: “Onde estão os contadores especializados?”
Neste sentido, a situação não fica muito diferente quando pensamos apenas no Estado de São Paulo. São 133.848 profissionais, sendo 73.309 contadores e 60.539 técnicos contábeis registrados. Há 19.739 organizações contábeis, das quais 9.257 são constituídas por empresários ou escritório individual, e temos um saldo de 10.482 sociedades. Cabe ressaltar que, dos 73 mil contadores registrados, uma parcela atua como auditor, perito ou consultor sem trabalhar diretamente como contador.
“Em dez faculdades paulistas pesquisadas pelo IBGE, aproximadamente duas mil vagas para Ciências Contábeis são abertas por ano. Supondo que apenas 60% cheguem ao fim do curso, teremos em torno de 1.200 profissionais. Deste total, se 60% trabalharem na área, chegaremos a 720. Como desde 2011 o setor adota o exame de suficiência para poder se registrar no Conselho Regional de Contabilidade e o índice de aprovação na última edição foi de 54%, teríamos apenas 389 pessoas aprovadas por ano”, analisa o diretor da BDO RCS.
Deste total, mesmo que aprovadas, nem todas as pessoas terão o CRC ou o conhecimento pleno das normas dos IFRS. “Não é possível saber ao certo quantos profissionais habilitados ingressam no mercado, mas certamente é um número insuficiente para atender à demanda que não para de crescer nos escritórios contábeis, nas empresas de auditoria e consultoria e nos milhares de empresas que possuem contabilidade interna”, diz Amano.
Impactos
Segundo Amano, as mudanças dos IFRS viraram do avesso a rotina dos contadores brasileiros, uma vez que as regras eram bem diferentes das aplicadas no mercado nacional. As adaptações às normas internacionais foram feitas por meio da Lei n. 1.638/2007, -que atualizou a Nova Lei das S.A.- e dizem respeito principalmente às demonstrações contábeis. Para que a contabilidade brasileira pudesse estar de acordo com os IFRS, foram introduzidos também novos conceitos na legislação societária do País. “Um dos maiores desafios que enfrentamos foi convencer os contadores de que a norma contábil é soberana e está acima da legislação tributária. Muitos deles, especialmente os que lidam com pequenas e médias empresas, tiveram ou ainda têm uma grande resistência em se adequar às normas dos IFRS, pois elas alteram a forma de lançamento contábil que o contador estava acostumado a fazer com base na legislação tributária.”
A Lei n. 11.638/2007 entrou em vigor no primeiro dia de 2008, estendendo-as às sociedades de grande porte, ainda que não constituídas sob a forma de sociedades por ações.

Publicado Jornal Contábil em 27/04/2012

Fonte: DCI – SP

domingo, 22 de abril de 2012

Tese de Dilma Segundo Prof. Stephen Kanitz

Pois é pessoal, fugindo um pouquinho dos temas mais dirigidos à contabilidade, mas não nos afastando do nosso foco principal que é provocar debates e reflexões, sugiro aos senhores a leitura abaixo de dois bons artigos do Professor Stephen Kanitz, que nos remete a pensar se faz realmente sentido as ações do governo Dilma acerca das perspectivas levantadas pelo referido professor. Vejam os dois artigos abaixo e façamos nossas próprias avaliações...



Dilma Implanta a Sua Tese, em Menos de 15 Meses

Em 2007 na Veja, defendi a Dilma no seu projeto de abaixar os juros que ninguém achava que era possível, até ontem.
"Ela precisará de todo o apoio dos engenheiros, administradores, contadores, advogados, médicos que querem ver o custo da "renda fixa" cair, obrigando os investidores a virar empreendedores e a assumir o risco da "renda variável".
"Ela já tem o meu total apoio, agora só falta o seu".
Dilma baixou o Custo de Capital das empresas brasileiras para 2% ano, algo que noticiou.
"Se o estado paga 13% ao ano de "renda fixa" para "rolar" a sua dívida, nenhum projeto empresarial com retorno abaixo de 13%, 14% ou talvez até 19% será retirado das gavetas, devido ao risco do negócio."
"Nenhum administrador ou empreendedor vai assumir o risco de quebrar, o risco de perder tudo, o risco de processos trabalhistas e de consumidores, se o estado oferece 13% ao ano, e sem risco."
Em vez de discutir o que escrevi acima, todo mundo está discutindo que os Spreads dos Bancos continuam elevados, que a caderneta é a opção.
O que ninguém se deu conta é que temos agora R$ 1 trilhão de Órfãos dos Juros Nominais dos Economistas do Estado, que não mais receberão os polpudos juros que os permitiam fazer nada.
Com somente 2%, vão mudar de ideia.
Vão ter que agora fazer algo, vão ter que investir em fundos de ações, fundos de private equity, e concorrer com os Bancos.
Se os Bancos não quiserem reduzir os Spreads, os fundos de private equity irão emprestar no seu lugar, com muito mais cuidado, governança e ajuda administrativa. Bancos nem sabem mais fazer isto.
Escrevi outros posts sobre a Tese da Dilma (veja um deles abaixo).
Nem eu, honestamente, acreditei que a Dilma seria tão rápida e que isto ocorreria somente em 2013 ou 2014.
Um ano antes do planejado, a reeleição da Dilma está praticamente garantida, se o que ocorreu ontem for noticiado.
Só falta os que querem ver este país crescer divulgarem o significado de tudo isto para o desenvolvimento das empresas brasileiras, algo que faltou fazer.
Se ninguém perceber que o que acaba de ocorrer, o que a Dilma disse há mais de 5 anos que faria, se ninguém perceber que tudo isto aconteceu e não aproveitar esta janela de oportunidade, se todo mundo ficar falando de caderneta de poupança como opção e ficar culpando os Bancos que no mundo inteiro estão morrendo de velhos, vamos novamente morrer na praia.
Divulguem isto, minha gente, a China fez isto em 1986. Estive lá e vi com meus olhos. Por isto, tenho a segurança de dizer o que estou dizendo agora. O Custo do Capital das Empresas é a variável crítica deste país, não o Dólar ou a Taxa de Câmbio.
Como só tenho 19.000 seguidores no Blog, sei que vamos morrer na praia, sei que vamos jogar mais um bilhete premiado, como tantas vezes fizemos. Não entendo porque tão poucos seguem um blog que realmente informa com antecedência o que vai acontecer neste país. Deve ser minha péssima redação.
Esta é a nossa última chance, acreditem em mim. Não desperdissem esta última oportunidade.

Publicado Originalmente no Blog do Prof. Stephen Kanitz, em 20/04/2012
http://blog.kanitz.com.br/2012/04/dilma-implanta-a-sua-tese-em-menos-de-15-meses.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+stephen_kanitz+%28Stephen+Kanitz+the+blog%29



A Tese da Dilma e a Miriam Leitão

Escrevi este artigo depois de assistir uma entrevista da Dilma com a Miriam Leitão, na Globo, onde ela não parava de atacar a Dilma pela lentidão no PAC.
No meio da conversa, Dilma introduziu o conceito de custo de capital, e que a dívida interna brasileira era a culpada pelo seu alto nível elevando os juros e reduzindo o apetite para tomar riscos no Brasil.
Nenhum economista jamais havia feito um mea culpa em público como esse, que o Brasil não crescia porque o Estado toma para si 1 trilhão de recursos e gasta mal.
É o que os administradores, há 40 anos, vêm alertando como sendo o "crowding out", o Estado competindo de forma desleal com o setor produtivo, tomando para si toda a poupança nacional.
Desleal, porque anunciam que é "garantida por dois governos", que é um "investimento sem risco", algo que a imprensa especializada não para de falar.
Esquecem dos calotes e das manipulações da correção monetária, que a imprensa, com exceção da Veja, raramente comentou.
Uma ex-guerrilheira falando de Custo de Capital das empresas? Que avanço na discussão econômica deste país.
Só faltava ela mencionar o WACC (Weighted Average Cost of Capital).
Dei um pulo, e fiquei impressionado que Miriam simplesmente mudou de assunto, diante de uma revelação destas.
Dilma aprendeu conceitos como WACC quando Ministra de Minas e Energia, de um diretor financeiro do setor, amigo meu.
Ela, segundo ele, aprende rápido. 
Fomos sempre iludidos a pensar que os juros são elevados por política monetária, que bastava reduzi-los por vontade política, por decreto.
Quanta bobagem!
Reduza os juros rapidamente e haverá enormes saques de Títulos Públicos, e o governo teria que aumentar os juros rapidamente, por falta de recursos para saldar os que estão se retirando.
O ineditismo na entrevista da Dilma é dizer que os juros são elevados porque a dívida do Estado é elevada.
Um Estado que precisa "rolar" a sua dívida continuamente se coloca como presa fácil dos Bancos.
É a ideia equivocada difundida por Delfim Netto, que "dívida não se paga, dívida se rola".
E quem não tem como pagar uma dívida, é indefeso ao aumento dos juros impostos pelos bancos.
Por outro lado, comece a pagar parte de uma dívida, e os juros caem.
Basta às vezes somente ameaçar ou blefar, mas sabendo a máxima do Delfim Netto, os juros só subiam, até ser o mais elevado do mundo.
Dilma não somente vai ameaçar saldar a dívida, mas pretende devolver 50% desta dívida aos bancos, reduzindo os juros drasticamente, que comentarei nos próximos artigos.
A Miriam Leitão, para meu espanto, não percebeu a mudança de paradigma foi quando foi forçado a escrever este artigo na Veja, dando total apoio à Dilma na sua luta, e obviamente irritando o dono da Veja.
Eu acho que alguém tem que elogiar o governo, mesmo sendo de oposição, quando falam a coisa certa.
O editor da Veja, diga-se de passagem, não mudou uma vírgula, pergunta que me fazem toda semana, nem a frase "nós administradores de esquerda", uma frase que eu estava testando, para ser usada num artigo futuro, que comentarei.
Escrevendo o artigo, descobri para minha surpresa que a tese já estava contida no discurso de posse do segundo mandato de Lula, ignorada totalmente.
No próximo artigo, vou elaborar mais profundamente as implicações desta tese, que me permitiu dizer como ando dizendo, que os próximos 20 anos serão os melhores da nossa história.
Conhecendo o perfil gerencial da Dilma, tenho certeza que ela implantará a sua tese, custe o que custar.

Apesar da torcida contra, e os simples observadores que acham que nestas horas ninguém precisa ajudar.

Se conseguir, Dilma garantirá a sua reeleição e a escolha do seu sucessor.

É esta a verdadeira função da imprensa.

Elogiar a oposição quando ela confessa que errou, e apoiá-la no seu intento de mudar de rumo. Perdi a minha coluna na Veja, mas faria de novo.


Publicado Originalmente no Blog do Prof. Stephen Kanitz, em 19/11/2010
http://blog.kanitz.com.br/2010/11/a-tese-da-dilma-e-a-miriam-leit%C3%A3o-.html