domingo, 22 de abril de 2012

Tese de Dilma Segundo Prof. Stephen Kanitz

Pois é pessoal, fugindo um pouquinho dos temas mais dirigidos à contabilidade, mas não nos afastando do nosso foco principal que é provocar debates e reflexões, sugiro aos senhores a leitura abaixo de dois bons artigos do Professor Stephen Kanitz, que nos remete a pensar se faz realmente sentido as ações do governo Dilma acerca das perspectivas levantadas pelo referido professor. Vejam os dois artigos abaixo e façamos nossas próprias avaliações...



Dilma Implanta a Sua Tese, em Menos de 15 Meses

Em 2007 na Veja, defendi a Dilma no seu projeto de abaixar os juros que ninguém achava que era possível, até ontem.
"Ela precisará de todo o apoio dos engenheiros, administradores, contadores, advogados, médicos que querem ver o custo da "renda fixa" cair, obrigando os investidores a virar empreendedores e a assumir o risco da "renda variável".
"Ela já tem o meu total apoio, agora só falta o seu".
Dilma baixou o Custo de Capital das empresas brasileiras para 2% ano, algo que noticiou.
"Se o estado paga 13% ao ano de "renda fixa" para "rolar" a sua dívida, nenhum projeto empresarial com retorno abaixo de 13%, 14% ou talvez até 19% será retirado das gavetas, devido ao risco do negócio."
"Nenhum administrador ou empreendedor vai assumir o risco de quebrar, o risco de perder tudo, o risco de processos trabalhistas e de consumidores, se o estado oferece 13% ao ano, e sem risco."
Em vez de discutir o que escrevi acima, todo mundo está discutindo que os Spreads dos Bancos continuam elevados, que a caderneta é a opção.
O que ninguém se deu conta é que temos agora R$ 1 trilhão de Órfãos dos Juros Nominais dos Economistas do Estado, que não mais receberão os polpudos juros que os permitiam fazer nada.
Com somente 2%, vão mudar de ideia.
Vão ter que agora fazer algo, vão ter que investir em fundos de ações, fundos de private equity, e concorrer com os Bancos.
Se os Bancos não quiserem reduzir os Spreads, os fundos de private equity irão emprestar no seu lugar, com muito mais cuidado, governança e ajuda administrativa. Bancos nem sabem mais fazer isto.
Escrevi outros posts sobre a Tese da Dilma (veja um deles abaixo).
Nem eu, honestamente, acreditei que a Dilma seria tão rápida e que isto ocorreria somente em 2013 ou 2014.
Um ano antes do planejado, a reeleição da Dilma está praticamente garantida, se o que ocorreu ontem for noticiado.
Só falta os que querem ver este país crescer divulgarem o significado de tudo isto para o desenvolvimento das empresas brasileiras, algo que faltou fazer.
Se ninguém perceber que o que acaba de ocorrer, o que a Dilma disse há mais de 5 anos que faria, se ninguém perceber que tudo isto aconteceu e não aproveitar esta janela de oportunidade, se todo mundo ficar falando de caderneta de poupança como opção e ficar culpando os Bancos que no mundo inteiro estão morrendo de velhos, vamos novamente morrer na praia.
Divulguem isto, minha gente, a China fez isto em 1986. Estive lá e vi com meus olhos. Por isto, tenho a segurança de dizer o que estou dizendo agora. O Custo do Capital das Empresas é a variável crítica deste país, não o Dólar ou a Taxa de Câmbio.
Como só tenho 19.000 seguidores no Blog, sei que vamos morrer na praia, sei que vamos jogar mais um bilhete premiado, como tantas vezes fizemos. Não entendo porque tão poucos seguem um blog que realmente informa com antecedência o que vai acontecer neste país. Deve ser minha péssima redação.
Esta é a nossa última chance, acreditem em mim. Não desperdissem esta última oportunidade.

Publicado Originalmente no Blog do Prof. Stephen Kanitz, em 20/04/2012
http://blog.kanitz.com.br/2012/04/dilma-implanta-a-sua-tese-em-menos-de-15-meses.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+stephen_kanitz+%28Stephen+Kanitz+the+blog%29



A Tese da Dilma e a Miriam Leitão

Escrevi este artigo depois de assistir uma entrevista da Dilma com a Miriam Leitão, na Globo, onde ela não parava de atacar a Dilma pela lentidão no PAC.
No meio da conversa, Dilma introduziu o conceito de custo de capital, e que a dívida interna brasileira era a culpada pelo seu alto nível elevando os juros e reduzindo o apetite para tomar riscos no Brasil.
Nenhum economista jamais havia feito um mea culpa em público como esse, que o Brasil não crescia porque o Estado toma para si 1 trilhão de recursos e gasta mal.
É o que os administradores, há 40 anos, vêm alertando como sendo o "crowding out", o Estado competindo de forma desleal com o setor produtivo, tomando para si toda a poupança nacional.
Desleal, porque anunciam que é "garantida por dois governos", que é um "investimento sem risco", algo que a imprensa especializada não para de falar.
Esquecem dos calotes e das manipulações da correção monetária, que a imprensa, com exceção da Veja, raramente comentou.
Uma ex-guerrilheira falando de Custo de Capital das empresas? Que avanço na discussão econômica deste país.
Só faltava ela mencionar o WACC (Weighted Average Cost of Capital).
Dei um pulo, e fiquei impressionado que Miriam simplesmente mudou de assunto, diante de uma revelação destas.
Dilma aprendeu conceitos como WACC quando Ministra de Minas e Energia, de um diretor financeiro do setor, amigo meu.
Ela, segundo ele, aprende rápido. 
Fomos sempre iludidos a pensar que os juros são elevados por política monetária, que bastava reduzi-los por vontade política, por decreto.
Quanta bobagem!
Reduza os juros rapidamente e haverá enormes saques de Títulos Públicos, e o governo teria que aumentar os juros rapidamente, por falta de recursos para saldar os que estão se retirando.
O ineditismo na entrevista da Dilma é dizer que os juros são elevados porque a dívida do Estado é elevada.
Um Estado que precisa "rolar" a sua dívida continuamente se coloca como presa fácil dos Bancos.
É a ideia equivocada difundida por Delfim Netto, que "dívida não se paga, dívida se rola".
E quem não tem como pagar uma dívida, é indefeso ao aumento dos juros impostos pelos bancos.
Por outro lado, comece a pagar parte de uma dívida, e os juros caem.
Basta às vezes somente ameaçar ou blefar, mas sabendo a máxima do Delfim Netto, os juros só subiam, até ser o mais elevado do mundo.
Dilma não somente vai ameaçar saldar a dívida, mas pretende devolver 50% desta dívida aos bancos, reduzindo os juros drasticamente, que comentarei nos próximos artigos.
A Miriam Leitão, para meu espanto, não percebeu a mudança de paradigma foi quando foi forçado a escrever este artigo na Veja, dando total apoio à Dilma na sua luta, e obviamente irritando o dono da Veja.
Eu acho que alguém tem que elogiar o governo, mesmo sendo de oposição, quando falam a coisa certa.
O editor da Veja, diga-se de passagem, não mudou uma vírgula, pergunta que me fazem toda semana, nem a frase "nós administradores de esquerda", uma frase que eu estava testando, para ser usada num artigo futuro, que comentarei.
Escrevendo o artigo, descobri para minha surpresa que a tese já estava contida no discurso de posse do segundo mandato de Lula, ignorada totalmente.
No próximo artigo, vou elaborar mais profundamente as implicações desta tese, que me permitiu dizer como ando dizendo, que os próximos 20 anos serão os melhores da nossa história.
Conhecendo o perfil gerencial da Dilma, tenho certeza que ela implantará a sua tese, custe o que custar.

Apesar da torcida contra, e os simples observadores que acham que nestas horas ninguém precisa ajudar.

Se conseguir, Dilma garantirá a sua reeleição e a escolha do seu sucessor.

É esta a verdadeira função da imprensa.

Elogiar a oposição quando ela confessa que errou, e apoiá-la no seu intento de mudar de rumo. Perdi a minha coluna na Veja, mas faria de novo.


Publicado Originalmente no Blog do Prof. Stephen Kanitz, em 19/11/2010
http://blog.kanitz.com.br/2010/11/a-tese-da-dilma-e-a-miriam-leit%C3%A3o-.html

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