Pois é pessoal, fugindo um pouquinho dos temas mais dirigidos à contabilidade, mas não nos afastando do nosso foco principal que é provocar debates e reflexões, sugiro aos senhores a leitura abaixo de dois bons artigos do Professor Stephen Kanitz, que nos remete a pensar se faz realmente sentido as ações do governo Dilma acerca das perspectivas levantadas pelo referido professor. Vejam os dois artigos abaixo e façamos nossas próprias avaliações...
Dilma Implanta a Sua Tese, em
Menos de 15 Meses
Em 2007 na Veja, defendi a Dilma no seu projeto de
abaixar os juros que ninguém achava que era possível, até ontem.
"Ela precisará de todo o apoio dos
engenheiros, administradores, contadores, advogados, médicos que querem ver o
custo da "renda fixa" cair, obrigando os investidores a virar
empreendedores e a assumir o risco da "renda variável".
"Ela já tem o meu total apoio, agora só
falta o seu".
Dilma baixou o Custo de Capital das empresas
brasileiras para 2% ano, algo que noticiou.
"Se o estado paga 13% ao ano de "renda
fixa" para "rolar" a sua dívida, nenhum projeto empresarial com
retorno abaixo de 13%, 14% ou talvez até 19% será retirado das gavetas, devido
ao risco do negócio."
"Nenhum administrador ou empreendedor vai
assumir o risco de quebrar, o risco de perder tudo, o risco de processos
trabalhistas e de consumidores, se o estado oferece 13% ao ano, e sem
risco."
Em vez de discutir o que escrevi acima, todo mundo
está discutindo que os Spreads dos Bancos continuam elevados, que a caderneta é
a opção.
O que ninguém se deu conta é que temos agora R$ 1
trilhão de Órfãos dos Juros Nominais dos Economistas do Estado, que não mais
receberão os polpudos juros que os permitiam fazer nada.
Com somente 2%, vão mudar de ideia.
Vão ter que agora fazer algo, vão ter que investir em fundos
de ações, fundos de private equity, e concorrer com os Bancos.
Se os Bancos não quiserem reduzir os Spreads, os
fundos de private equity irão emprestar no seu lugar, com muito mais cuidado, governança
e ajuda administrativa. Bancos nem sabem mais fazer isto.
Escrevi outros posts sobre a Tese da Dilma (veja
um deles abaixo).
Nem eu, honestamente, acreditei que a Dilma seria
tão rápida e que isto ocorreria somente em 2013 ou 2014.
Um ano antes do planejado, a reeleição da Dilma
está praticamente garantida, se o que ocorreu ontem for noticiado.
Só falta os que querem ver este país crescer
divulgarem o significado de tudo isto para o desenvolvimento das empresas
brasileiras, algo que faltou fazer.
Se ninguém perceber que o que acaba de ocorrer, o
que a Dilma disse há mais de 5 anos que faria, se ninguém perceber que tudo
isto aconteceu e não aproveitar esta janela de oportunidade, se todo mundo
ficar falando de caderneta de poupança como opção e ficar culpando os Bancos
que no mundo inteiro estão morrendo de velhos, vamos novamente morrer na
praia.
Divulguem isto, minha gente, a China fez isto em
1986. Estive lá e vi com meus olhos. Por isto, tenho a segurança de dizer o que
estou dizendo agora. O Custo do Capital das Empresas é a variável crítica deste
país, não o Dólar ou a Taxa de Câmbio.
Como só tenho 19.000 seguidores no Blog, sei que
vamos morrer na praia, sei que vamos jogar mais um bilhete premiado, como
tantas vezes fizemos. Não entendo porque tão poucos seguem um blog que
realmente informa com antecedência o que vai acontecer neste país. Deve ser
minha péssima redação.
Esta é a nossa última chance, acreditem em mim. Não
desperdissem esta última oportunidade.
Publicado
Originalmente no Blog do Prof. Stephen
Kanitz, em 20/04/2012
http://blog.kanitz.com.br/2012/04/dilma-implanta-a-sua-tese-em-menos-de-15-meses.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+stephen_kanitz+%28Stephen+Kanitz+the+blog%29
A Tese da Dilma e a Miriam Leitão
Escrevi este artigo depois de assistir uma entrevista da Dilma com a Miriam
Leitão, na Globo, onde ela não parava de atacar a Dilma pela lentidão no PAC.
No meio da conversa, Dilma introduziu o conceito de
custo de capital, e que a dívida interna brasileira era a culpada pelo seu
alto nível elevando os juros e reduzindo o apetite para tomar riscos no Brasil.
Nenhum economista jamais havia feito um mea culpa
em público como esse, que o Brasil não crescia porque o Estado toma para si
1 trilhão de recursos e gasta mal.
É o que os administradores, há 40 anos, vêm
alertando como sendo o "crowding out", o Estado competindo de forma
desleal com o setor produtivo, tomando para si toda a poupança nacional.
Desleal, porque anunciam que é "garantida por
dois governos", que é um "investimento sem risco", algo que a
imprensa especializada não para de falar.
Esquecem dos calotes e das manipulações da correção
monetária, que a imprensa, com exceção da Veja, raramente comentou.
Uma
ex-guerrilheira falando de Custo de Capital das empresas? Que avanço na
discussão econômica deste país.
Só faltava ela mencionar o WACC (Weighted Average
Cost of Capital).
Dei um pulo, e fiquei impressionado que Miriam
simplesmente mudou de assunto, diante de uma revelação destas.
Dilma aprendeu conceitos como WACC quando Ministra
de Minas e Energia, de um diretor financeiro do setor, amigo meu.
Ela, segundo ele, aprende rápido.
Fomos sempre iludidos a pensar que os juros são
elevados por política monetária, que bastava reduzi-los por vontade
política, por decreto.
Quanta bobagem!
Reduza os juros rapidamente e haverá enormes saques
de Títulos Públicos, e o governo teria que aumentar os juros rapidamente, por
falta de recursos para saldar os que estão se retirando.
O ineditismo na entrevista da Dilma é dizer que os
juros são elevados porque a dívida do Estado é elevada.
Um Estado que precisa "rolar" a sua
dívida continuamente se coloca como presa fácil dos Bancos.
É a ideia equivocada difundida por Delfim Netto,
que "dívida não se paga, dívida se rola".
E quem não tem como pagar uma dívida, é indefeso ao
aumento dos juros impostos pelos bancos.
Por outro lado, comece a pagar parte de uma
dívida, e os juros caem.
Basta às vezes somente ameaçar ou blefar, mas
sabendo a máxima do Delfim Netto, os juros só subiam, até ser o mais elevado do
mundo.
Dilma não somente vai ameaçar saldar a dívida, mas
pretende devolver 50% desta dívida aos bancos, reduzindo os juros drasticamente,
que comentarei nos próximos artigos.
A Miriam Leitão, para meu espanto, não percebeu a
mudança de paradigma foi quando foi forçado a escrever este artigo na Veja,
dando total apoio à Dilma na sua luta, e obviamente irritando o dono da Veja.
Eu acho que alguém tem que elogiar o governo, mesmo
sendo de oposição, quando falam a coisa certa.
O editor da Veja, diga-se de passagem, não mudou
uma vírgula, pergunta que me fazem toda semana, nem a frase "nós
administradores de esquerda", uma frase que eu estava testando, para
ser usada num artigo futuro, que comentarei.
Escrevendo o artigo, descobri para minha surpresa
que a tese já estava contida no discurso de posse do segundo mandato de
Lula, ignorada totalmente.
No próximo artigo, vou elaborar mais profundamente
as implicações desta tese, que me permitiu dizer como ando dizendo, que os
próximos 20 anos serão os melhores da nossa história.
Conhecendo o perfil gerencial da Dilma, tenho
certeza que ela implantará a sua tese, custe o que custar.
Apesar da torcida contra, e os simples observadores
que acham que nestas horas ninguém precisa ajudar.
Se conseguir, Dilma garantirá a sua reeleição e a
escolha do seu sucessor.
É esta a verdadeira função da imprensa.
Elogiar a oposição quando ela confessa que errou, e
apoiá-la no seu intento de mudar de rumo. Perdi a minha coluna na Veja, mas
faria de novo.
Publicado Originalmente no Blog do Prof. Stephen Kanitz, em 19/11/2010
http://blog.kanitz.com.br/2010/11/a-tese-da-dilma-e-a-miriam-leit%C3%A3o-.html
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