quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A CONTABILIDADE / CONTROLADORIA A SERVIÇO DA SOBREVIVÊNCIA DAS PEQUENAS EMPRESAS

Nas minhas conversas com meus alunos das disciplinas Controladoria e Análise de Balanços, tenho sido intensivo e repetitivo no tocante a certas posições/orientações no sentido da preservação/continuidade das operações da pequena e média empresas. Principalmente quanto a responsabilidade do profissional de contabilidade/controladoria no tocante a alimentar esse tipo de empreendedor de informações qualificadas, determinantes a tomarem as melhores decisões com vistas à sobrevivência e sucesso de seu empreendimento.
 
Isso determina uma responsabilidade fundamental dos estudantes/profissionais dá área de negócios, especialmente aos de ciências contábeis, a fim de se fazerem abrangentemente preparados/qualificados para esse fim, tornando-se profundamente conhecedores dos negócios dos seus clientes ou segmentos organizacionais.
 
Como forma de consubstanciar essas discussões, sugiro a leitura da matéria publicada pelo Estadão/PME, postada abaixo.
 
Leiam!



Confira dez regras de sobrevivência fundamentais para a pequena empresa brasileira
Especialista indica que caminhos trilhar para a empresa ser bem sucedida
 
ANDRÉ ROSSI, ESPECIAL PARA O ESTADO DE S. PAULO  
Felipe Rau/AE

Abrir um negócio traz, muitas vezes, incertezas a respeito do futuro do empreendimento. Muitos questionamentos passam pela cabeça do pequeno empresário no momento de se lançar no mercado. Pensando na carência de informações práticas sobre esse universo, os especialistas em micro e pequenas empresas Dirceu Pio e Pedro Cascaes Filho lançaram o livro "Caminhos Seguros para o Empreendedor" (Paco Editorial, 2012). O objetivo da dupla é instruir esses empresários a como trilhar um caminho de sucesso e livrar seus pequenos negócios da ruína.

Em entrevista ao Estadão PME, Dirceu Pio estabeleceu 10 regras fundamentais para a sobrevivência do pequeno empreendimento. Se você pretende ou já tem um negócio, confira e veja de que maneira você pode aprimorá-lo.

1 - Como planejar a abertura de uma empresa?
Antes de abrir uma empresa, você tem que se cercar de todas as preocupações financeiras. O planejamento financeiro precisa ser feito por uma pessoa que tenha conhecimento nessa área de finanças. Caso não o tenha, o melhor a fazer é deixar esse trabalho na mão de um bom contador, que possa assessorar e que faça o serviço mais pesado.

2 - Como lidar com a falta de crédito facilitado?
Tem que evitar pedir empréstimo para parente. Somente em último caso, se tiver a certeza que vai poder pagar. Nada perturba mais um negócio do que ter um credor na família, ou um credor próximo de você. Analise as ofertas do banco de maneira geral. Analise tudo e peça ao seu contador ajuda para calcular os números.

3 - Negócios com familiares dão certo?
Não pense que sociedades nunca dão certo. Deve-se saber que, muitas vezes, uma boa ideia só se viabiliza com uma boa sociedade, seja com alguém da família ou com algum amigo. Para dar certo, você precisa tomar algumas providências.

A primeira delas é fazer a autocrítica quando algo dá errado e saber que não se pode culpar o sócio por tudo. Em segundo lugar, é importante você tomar informações sobre seu possível sócio, procurar saber quem é a pessoa com a qual você vai se associar para não entrar numa fria. Por fim, uma das coisas mais importantes é você resolver as pendências do negócio no dia a dia. Deve existir uma comunicação diária.

4 - Como deixar os clientes fascinados com a minha empresa ?
Ouvir o cliente tem que se tornar uma grande preocupação de rotina. Mais importante ainda é dar consequências práticas para as reclamações do cliente. Você pode ter uma pequena urna, um pequeno questionário. E é preciso estimular o consumidor a responder isso e levar muito a sério essa opinião. Se ele faz uma queixa, entre em contato com ele, ligue, dê uma satisfação.

5 - Como faço um bom planejamento de marketing?
A grande missão de uma pequena empresa deve ser na área de marketing. É ele quem vai determinar se o negócio vai fazer sucesso ou se ele vai fracassar. Pesquisas apontam que as duas grandes causas da morte das pequenas empresas é a dificuldade em lidar com dinheiro e a falta de visão de marketing.

É preciso fazer algumas perguntas. Quem vai comprar o meu produto? Qual preço esse consumidor está disposto a pagar por ele? O que eu sei sobre o meu público-alvo? Como me informar sobre esse público? Qual o perfil desse dele? Quais são seus concorrentes? Capte e pesquise todas as informações e só abra seu negócio com muita informação sobre o público.

6 - Que estratégias devo usar para motivar minha equipe?
De acordo com cálculos dos autores, um trabalhador dedica ao emprego uma carga horária que supera todas as outras atividades no dia: ele fica de 14 a 16 horas de seu tempo útil no emprego. Se ele não encontra no trabalho um clima agradável, um mínimo de felicidade no trabalho, como ele pode se sentir motivado? O empresário, então, deve providenciar um ambiente de trabalho agradável, descontraído, tratar com respeito as pessoas e não exercer pressão acima do razoável sobre seus funcionários.

Uma boa medida é estimular a participação dos funcionários nos assuntos da empresa. Hoje, os trabalhadores querem participar da vida do negócio, nas estratégias, dar a sua contribuição. Isso os motiva.
Outro aspecto diz respeito ao valor da empresa. Não se pode estabelecer os valores de cima pra baixo, tem quem ouvir o que essas pessoas pensam e assumir esses valores como os da própria empresa.

7 - Preciso treinar meus funcionários, mas não tenho dinheiro. Como faço?
O treinamento precisa ser sistemático. Pesquisas pelo mundo inteiro mostram que o treinamento de pessoas é que faz a grande diferença no sucesso de qualquer empreendimento. Acontece que as pequenas empresas normalmente não têm condição de contratar empresas especializadas em fazer treinamento, seja para tarefas de rotina ou para atender o cliente. Então, uma medida interessante é o empreendedor ir a uma loja semelhante, ainda que seja seu concorrente, e imaginar como que ele gostaria de ser atendido lá. E então trazer essa receita pra dentro do seu negócio e treinar as pessoas pra seguir esses objetivos.

Caso opte por contratar serviços de treinamento, o empresário tem que insistir e não pode desistir de capacitar seus funcionários, porque uma hora eles vão aprender a fazer o trabalho. Ele também deve facilitar a vida do funcionário que busca por cursos externos e liberá-lo se for preciso, pois todo o conhecimento adquirido beneficia o negócio. Isso traz motivação e muitas vezes evita que ele perca o funcionário para um concorrente.

8 - Como arcar com os encargos sociais na folha de pagamento?
Se o pequeno empresário optou por abrir o negócio, ele tem que saber quais são as regras trabalhistas as quais ele está sujeito. O livro recomenda que ele pense duas vezes antes de contratar alguém. Só contrate quando você percebe que é extremamente necessário, pois a legislação brasileira não favorece a pequena empresa.

A saída, então, é evitar contratar ou contratar absolutamente quando for indispensável. Há negócios que morrem por mau atendimento ao cliente. Se você for olhar com atenção, ele - o empreendedor - não tinha as pessoas necessárias pra prestar esse serviço.

9 - Quais os cuidados que o empreendedor precisa ter na gestão financeira de seu negócio ?
O planejamento financeiro precisa ser feito por uma pessoa que tenha conhecimento nessa área de finanças. Caso não o tenha, o melhor a fazer é deixar esse trabalho na mão de um bom contador, que possa assessora-lo e que faça o serviço mais pesado.

10 - Meu negócio está indo muito bem. É hora de abrir uma franquia?
Antes de abrir uma franquia, você precisa saber se ela está bem posicionada no mercado em que vai chegar. Checar se existe demanda na região pelo produto que você vai oferecer é uma boa estratégia. Tem que pesquisar o público e analisar os concorrentes. Se não fizer isso, você pode fazer uma opção por uma franquia errada no lugar errado e enfraquecer seu negócio. Você tem que olhar a franquia pelo lado do posicionamento da marca, se ela terá uma bos visibilidade como tem a sede.

 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

AS IFRS E O GERENCIAMENTO DE RISCOS

Gerenciamento de riscos e as Normas Internacionais de Contabilidade – quais são os riscos envolvidos na adoção (ou não) das IFRS?

 

As IFRS (International Financial Reporting Standards – Padrões Internacionais de Relatórios Financeiros, numa tradução livre) foram adotadas em etapas em países da Europa a partir do início dos anos 2000 e, posteriormente, em diversos outros países do mundo – incluindo o Brasil a partir de 2008 (com a Lei 11.638 sendo sancionada em Dezembro de 2007).

Para entendermos os principais riscos envolvidos nas IFRS é necessário entendermos quais são os seus principais objetivos:

(i) A padronização internacional das demonstrações financeiras (também chamadas de demonstrações contábeis no Brasil) – este objetivo das IFRS visa facilitar as análises dos investidores sobre as demonstrações financeiras. Com a pulverização dos investidores pelo mundo (impulsionado, também, pela melhoria da internet e segurança das informações), hoje se faz necessário termos um padrão global para que estes investidores consigam analisar a saúde financeira de uma empresa em qualquer parte do globo. Com isso, a alocação de recursos poderia ser feita de forma, realmente, globalizada;

(ii) Com o objetivo um alcançado, seria possível reduzir os custos de capital e a otimização de eficiência para as empresas, pois seria possível termos uma melhoria sistêmica nos sistemas de informações, a maior eficiência de auditoria nas empresas, melhorias em treinamentos dos profissionais de contabilidade / mercado financeiro / investidores;

(iii) Esta padronização global nos traria a possibilidade da comparabilidade entre as empresas de um mesmo setor ao redor do mundo, verificando em que países estas empresas estariam com uma melhor saúde financeira, ou não;

(iv) Uma visão mais gerencial / financeira sobre as demonstrações financeiras – as demonstrações financeiras ganhariam um ponto de vista mais voltado para os objetivos reais da administração da empresa (e não somente para fins fiscais, como era, e ainda é, comum no Brasil). Os principais objetivos e as principais interpretações da administração das empresas estariam estampadas em suas demonstrações financeiras, promovendo ao leitor destas um destaque sobre o comportamento destas empresas em relação aos objetivos da sua administração;

Estes são alguns dos principais objetivos das IFRS, que já foram adotadas em mais de 120 países e entre os anos de 2011 e 2012 teremos mais países adotando as IFRS, entre eles: Argentina, Canadá, México, Coréia do Sul etc.. O Japão deverá decidir sobre a obrigatoriedade de adoção das IFRS ainda em 2012 – lá, as IFRS já são aceitas, mas não obrigatórias.

No Brasil, as IFRS foram traduzidas quase que literalmente para os CPCs - pronunciamentos emitidos pelo CPC – Comitê de Pronunciamentos Contáveis, que havia sido criado em 2005, e está dedicado, principalmente, à convergência com as normas internacionais e à centralização na emissão das normas dessa natureza. No Brasil, a adoção dos CPCs começou a ser obrigatória para as demonstrações financeiras (ou contábeis) emitidas em 31 de Dezembro de 2010 ou após esta data.

Entendendo os principais objetivos, conseguimos deduzir alguns dos maiores riscos da adoção, ou não adoção, das Normas Internacionais de Relatórios Financeiros (IFRS). Os principais riscos diretamente relacionados aos objetivos das IFRS:

(i) Vitrine Global – como o principal objetivo das IFRS é padronizar as demonstrações financeiras das empresas ao redor do globo, um dos principais riscos é exatamente não estar em conformidade com as IFRS, perdendo a oportunidade de ter sua empresa em uma vitrine global para os investidores. Isso pode acarretar em diversas deficiências como, por exemplo: dificuldades em obter capital; custo mais alto deste capital;

(ii) No Brasil – como no Brasil temos a obrigatoriedade de adoção dos CPCs, a partir de 31/12/2010, uma entidade que se encaixe nos requisitos para adotar este padrão não poderia "não-adotar", pois não estaria cumprindo as normas brasileiras. Com isso, cabe ressaltar, que as empresas brasileiras (exceto as pequenas e médias empresas, para as quais existe o CPC-PME), já deveriam estar em conformidade com os CPCs – que representam, em boa parte, o padrão internacional das IFRS;

(iii) Investimentos internacionais – em linha com o primeiro tópico (vitrine global), e em épocas de crises na Europa e nos Estados Unidos, os países emergentes (principalmente os BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China) chamam a atenção pelo crescimento da economia em detrimento às crises internacionais. Com isso, muitos investidores internacionais buscam diversificar seus investimentos e buscam empresas nestes países para aplicar seu capital. A não adoção das IFRS pode fazer com que o investidor internacional não entenda as demonstrações financeiras de sua empresa;

Outros riscos sobre a adoção, ou não adoção, as IFRS, principalmente para as empresas brasileiras são, por exemplo:

(iv) Mudança de cultura – a mudança de cultura deve ocorrer principalmente nos profissionais de contabilidade mas, também, nos profissionais dos demais setores – o link de comunicação entre a administração e a contabilidade deve estar cada vez melhor e mais claro, uma vez que as demonstrações financeiras devem representar uma visão gerencial sobre os números da empresa, incluindo alguns pontos de vista estratégicos para determinadas operações. Como sabemos, a mudança de cultura é uma das mais complexas para realizarmos, e uma das que mais demandam tempo;

(v) Mudança no ambiente de TI e Controles – as mudanças no ambiente de TI e de controles internos se fazem necessárias, uma vez que diversos cálculos e considerações mudam com a adoção das IFRS. A "segunda onda" das IFRS trata, também, deste assunto – a maioria das empresas adotou as IFRS via controles manuais, visando "apenas emitir suas demonstrações financeiras de acordo com as normas internacionais" – e isto veio antes das melhorias necessárias em sistemas e controles. Os riscos envolvidos em mantermos controles manuais são os já conhecidos de erros devido a input incorreto de informações / ou mesmo erros de digitação;

(vi) Falta de patrocínio da Administração – grande parte das empresas enxergam a adoção das IFRS como um projeto do Departamento de Contabilidade, o que não é 100% correto. Os maiores impactos, sem dúvidas, estão neste departamento mas, como já informado anteriormente, todas as áreas deverão ter um maior link com a contabilidade, assim como procurar expôr mais os objetivos da empresa para cada uma das diversas operações que a empresa pode ter. Um exemplo clássico desta necessidade de comunicação do objetivo da transação é uma operação de instrumentos financeiros – caso a empresa queira somente se proteger de uma variação cambial, por exemplo, o tratamento contábil é um, e as demonstrações financeiras são impactadas de uma forma. Caso a empresa objetive lucrar com a operação, e não se proteger, o tratamento contábil e os impactos nas demonstrações financeiras são outros;

(vii) Sobreposição de controles ou Headcount insuficiente – é comum vermos empresas em que os profissionais já estavam sobrecarregados com suas tarefas diárias. Após a adoção as IFRS é comum que muitos destes profissionais tenham "ganhado" novas tarefas para o seu dia-a-dia e isso, geralmente, não é adequado. Outras vezes vemos tantas pessoas envolvidas em um mesmo processo – e isso pode gerar a sobreposição de controles internos, ou a redundância destes controles;

(viii) Atualização constante dos profissionais de contabilidade – em linha com a mudança de cultura, precisamos atentar para uma mudança radical na profissão de Contador. Estávamos acostumados a uma única Lei, visando atender ao Fisco, desde 1976 – a Lei 6.404, ou "Lei das S/A". Esta Lei, como tamém informamos acima, foi alterada pela Lei 11.638/07, ou "a Nova Lei das S/A" – e esta Lei trouxe consigo a necessidade dos pronunciamentos contábeis emitidos pelo CPC. Estes pronunciamentos são constantemente revisados e atualizados e, com isso, os profissionais de contabilidade precisam estar em dia com estas atualizações. Esta mudança de cultura é essencial para a atualização técnica destes profissionais;

(ix) RTT – no Brasil, assim que a Lei 11.638 foi sancionada, foi introduzido, também, o Regime Transitório de Tributação (MP 449/08 e Lei 11.941/09). Como nossas demonstrações contábeis e livros eram, principalmente, para atendimento das exigências fiscais, e com a mudança destes, se fez necessário criar um regime transitório a fim de apontar as diferenças entre os livros fiscais e os livros em IFRS. Este regime se tornou obrigatório em 2010 e o fisco está revisando as necessidades deste. A tendência é que não tenhamos mais o RTT, em um futuro próximo;

(x) Atualização das normas – as IFRS foram baseadas, principalmente, nas FRS (Financial Reporting Standards) da Inglaterra, cujos padrões contábeis baseiam-se em princípios (e não em regras, como é o caso do padrão norte-americano USGAAP – United States General Accounting Accepted Principles e, também, como era o caso da nossa Lei 6.404). Alguns assuntos como, por exemplo, instrumentos financeiros (principalmente), estão sendo revisados e a tendência é que cada vez mais se aproximem do padrão norte-americado (USGAAP). Um dos principais motivos é que, basicamente, os americanos "entendem mais" de instrumentos financeiros do que boa parte do mundo, e seu mercado de "instrumentos financeiros" é o mais aquecido do mundo. Além destes assuntos, outros – como Consolidação, por exemplo, estão sendo revisados / atualizados. E isso faz com que a necessidade de atualização técnica dos profissionais continue.

Publicada:
Administradores.com.br - 05 de setembro de 2012, às 11h05min
http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/as-ifrs-e-o-gerenciamento-de-riscos/65773/

terça-feira, 28 de agosto de 2012

A IMPORTÂNCIA DA CONVERGÊNCIA DAS NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE


Por um processo intenso de falta de criatividade, fiquei tanto tempo sem atualizar este nosso espaço, pelo que verdadeiramente peço desculpas.

Ainda assim, aproveito-me do esforço e potencial de outrem (mas confesso, com bastante pertinência), neste caso, de Joana Darte Avelino dos Santos (minha estimada orientanda em TCC do curso de Ciências Contábeis na UESB), para afirmar meus pensamentos agora, transcrevendo parte da introdução do seu TCC (ainda em fase de avaliação e aprovação, mas por mim já aprovado). Vejam:

“A diversidade de povos, línguas e tradições torna o mundo um espaço para interação, o que dinamiza os processos econômicos, sociais, culturais e políticos. A necessidade de criar dispositivos, capazes de unir e aperfeiçoar as relações gerou ferramentas que desconhecem distâncias. O mundo internacional, com visão de rede, possibilita que todos os países estabeleçam atividades de troca, oferecendo e recebendo serviços.”

[...]

”... O desenvolvimento econômico, enquanto atividade global tem gerado impacto na economia do Brasil, quando empresas brasileiras investem em organizações internacionais ou buscam captar recursos financeiros externos para fomentar suas atividades. A internacionalização das operações comerciais, com a abertura de mercado, exigiu da Contabilidade o estabelecimento de padrões para apresentação de seus demonstrativos.”

[...]

“A convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade é a adequação das normas contábeis aos parâmetros internacionais. A finalidade da convergência é a comparabilidade das informações contábeis, possibilitando que as transações comerciais realizadas entre empresas brasileiras e de outros países, possam avaliar seus demonstrativos financeiros através de uma linguagem padrão.”

[...]

“Para acompanhar a realidade econômica, um desafio é [...] exigência de mercado [...] para os profissionais da área de Contabilidade... O perfil do profissional contábil determina um conhecimento abrangente da economia, capacidade de interpretação dos atos e fatos da entidade em que atua, estar sempre atualizando seus conhecimentos, como também, ter atitudes proativas, senso de responsabilidade, compreender de negócios dentro e fora da organização.”

[...]

“A formação do profissional contábil é o resultado da associação de dois ambientes, o interno a partir da academia e o externo que traz as necessidades do mercado para atuação do profissional. [...] Assim, a academia assume papel importante de desenvolver profissionais capazes de atender as exigências determinadas pelo ambiente econômico.”

Poderia ficar aqui transcrevendo muito mais. Mas, para não lhes cansar, e, como sempre faço, sugiro a leitura de um texto produzido por um profissional de mercado, que posto a seguir, onde determinantemente, tenho a intenção de consubstanciar nossos pensamentos acima (meu, mas, principalmente o de Joana).
Peço que leiam:

 

A contabilidade como fonte de resistência à crise econômica

 (*) Adão de Matos Junior

 
Apesar do prolongamento da crise na Zona do Euro e da pífia performance de economias como a dos Estados Unidos e do Japão, o Brasil vem conseguindo manter um razoável dinamismo, resistindo à retração global. Esse contexto trouxe aos gestores brasileiros uma grande necessidade pela transparência das informações de suas empresas, e quando se fala em “transparência” no mundo corporativo não se pode prescindir da contabilidade, que é o que, neste universo, demonstra tais informações.
 
Nesse sentido, foi positiva a visão futurista do País que, desde o final de 2007, adaptou suas leis (com a Lei 11.638/07) a esse cenário que se iniciava na época, na qual o Brasil entendeu que para se enfrentar uma crise deveria buscar forças no mercado interno e no investidor externo.
 
Em contrapartida a esse fato, os investidores e os gestores também se depararam com a necessidade em compreender tais informações que eram geradas, e, dessa forma, o Brasil passou a conhecer e dar importância à contabilidade.
 
A busca do conhecimento por parte dos gestores e investidores quanto à contabilidade, seus princípios e suas normalizações trouxe uma linguagem mais adaptada ao mundo coorporativo e não somente ao nosso mercado, trazendo assim outra fonte de “salvação” durante a crise, quando naquele momento o Brasil estava se preparando para o mercado internacional não somente pelas grandes e médias empresas, mas agora pelas pequenas e microempresas também.
 
As pequenas e microempresas brasileiras não tinham em sua cultura o fato de que a contabilidade fizesse parte de seu negócio e a tinham apenas como uma necessidade para prestar contas ao fisco, geração das guias de impostos e folha de pagamento, dentre outras tarefas. No entanto, agora estão atentas à importância da contabilidade como uma nova visão gerencial, como fonte de continuidade de seu negócio ou de atrair investimentos para o crescimento de sua empresa. Portanto, deve-se estar atento à necessidade de parcerias com empresas contábeis ou de apoio contábil, especializadas e preparadas para as novas demandas.
 
O contador teve, além de obrigações novas, maior reconhecimento de suas atividades que passaram a ser importantes para a tomada de decisão em todas as empresas.
 
Para 2012, esperamos, neste segundo semestre, que o País retome o crescimento – observado nos últimos dois anos – o que fará com que aumente, ainda mais, a internacionalização – seja de empresas ou produtos. Mas, para realizar essa ação, não basta somente ter conhecimento da nova realidade contábil e sim aplicar e colocar os balanços em dia de modo que estes possam ser lidos em qualquer parte do planeta – a adoção do IFRS foi para suprir esta necessidade. Ou seja, a contabilidade se tornou parte essencial para realização dos negócios das empresas brasileiras.
 
Quem ganha com tudo isso são as empresas, o mercado e os investidores, que cada vez mais têm em suas mãos, demonstrações financeiras uniformes, de qualidade e transparentes.

 Publicado em 28/08/2012 - Jornal Contábil - Edição On-Line
http://jornalcontabil.com.br/v5/?p=2392
(*) Adão de Matos Junior:
Diretor de operações da Trevisan Gestão & Consultoria, filial Belo Horizonte.
E-mail: adao.matos@tgec.com.br.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

RECICLAGEM PARA DOCENTES DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS?

Pois é pessoal, gostaria de fazer um comentário bem abrangente sobre essa questão, tendo em vista a importância dela em si tratando do momento em que vivemos, no tocante a contabilidade brasileira, convergida às Normas Internacionais de Contabilidade, base IASB (International Accounting Standards Board ), e, óbvio, em função da importância da formação contábil, coisa que se faz efetivamente nos cursos superiores em ciências contábeis. E aí então, viriam às questões que ainda acredito, não podem calar:
·         As IES de ciências contábeis em sua maioria cuidaram efetivamente das suas estruturas curriculares para adaptar-se a essa radical mudança?
·         Os docentes foram treinados ou ao menos se conscientizaram da dimensão/importância deles na preparação de profissionais que enfrentarão um mercado de trabalho integralmente redefinido em função dessa mudança?
Claro que uma série de outros questionamentos poderiam aqui ser levantados. Mas, conclamo todos à leitura do excelente e crítico texto abaixo, produzido por Professor Elenito Elias da Costa, que minimamente remete-nos a pontos referenciais de reflexão.

Vejam abaixo:


RECICLAGEM PARA PROFESSORES DE CONTABILIDADE



As inovações que alteram a contabilidade das empresas merecem especial atenção do corpo docente do curso de bacharelado em ciências contábeis, haja vista suas mudanças significativas no exercício laboral dos formandos.

Lamento que algumas instituições e coordenações não estejam acompanhando citadas modificações, mas no aspecto qualitativo o sistema deverá tratar de conformidade com as suas peculiaridades.

O quadro de professores do curso de bacharelado em ciências contábeis, motivado pela adequação internacional e inovações tecnológicas tributárias precisam se reciclar para acompanhar essas modificações, mesmo que a grade curricular da instituição não esteja acompanhando significativas alterações.

As Instituições poderiam reciclar seu corpo docente, haja vista as inovações que se insere na capacitação e qualificação dos formandos, ou mesmo que elas não o façam, devem os docentes buscar essa reciclagem para que possam se adequar a essas inovações.

Se percebermos que a qualidade depende dessa reciclagem, mesmo por que devemos ministrar o ensinamento de conformidade com o exercício laboral de nossos formandos caso contrário estaremos distribuindo diplomas.

Preocupa-me esse momento e essa posição, pois sabemos que a grade curricular de algumas instituições de ensino superior está defasada e mais ainda a morosidade na reciclagem dos docentes.

Estamos atravessando um momento bastante delicado para empresas de qualquer porte ou tamanho, instituições financeiras e similares e ainda os profissionais envolvidos e isso não está havendo uma reflexão necessária, mas fatalmente implica na credibilidade dos seus demonstrativos e obviamente dos profissionais envolvidos.

Diariamente o sistema econômico internacional relata fatos que dizem respeito á ausência de transparência na gestão empresarial das empresas e obviamente esse mesmo sistema deverá aportar em nossa economia, onde podemos facilmente identificar as ações demandadas por empresas e profissionais através de suas demonstrações e controles.

Acreditamos que a credibilidade gerada pela transparência denota mais sustentabilidade e continuidade das atividades econômicas das empresas e seus derivativos hão de comprovar suas ações empresariais.

As empresas de quaisquer tamanhos e formas, instituições financeiras e similares e profissionais de contabilidade, estão passando por um momento de transparência incomum que se não houver uma reflexão mais apurada deverão responder por suas responsabilidades.

Motivado pela exigência da adequação internacional da contabilidade e suas inovações tributárias, externam nos Demonstrativos Contábeis e Financeiros situações de fácil identificação de débeis estratégias.

O grande problema é que a educação e cultura no trato da gestão empresarial continuam sendo alimentado por profissionais que mantém a mesma cultura e isso implica na transparência desses demonstrativos.

Os auditores independentes que hão de expedir seus pareceres com base em exame amostral nas demonstrações contábeis e financeiras e demais controles internos estarão com suas responsabilidades bastante expostas.

O sistema atual tem essa exigência, suas ações devem ter sincronia racional com a contabilidade e com seus demonstrativos contábeis, sob pena, de não demonstrar credibilidade junto a Governo, sociedade, investidores, financiadores e demais.

Muitas empresas e instituições, inclusive profissionais envolvidos estarão com suas responsabilidades proporcionalmente envolvidas com suas ações, e responderão por elas.

O futuro do presente apresenta um cenário bastante diversificado, mas sua inserção depende de fatos e atos agregados a uma educação globalizada que sabemos de nossa limitação.

O exercício da contabilidade exige atualização, capacitação e qualificações dos profissionais envolvidos e perfeita sincronia racional com a gestão empresarial devidamente assistida por um planejamento empresarial que comprovará suas ações através de um sistema de diagnóstico empresarial e deverá ter a credibilidade os agentes econômicos em sentido latto.

A Academia está ainda assimilando as inovações o que implica na atividade laboral desses profissionais que estão comprovadamente despreparados para tal feito, bastante simplesmente medir sua formação educacional.

O sistema de informática que alimenta os fatos contábeis, quais sejam fiscal, pessoal, faturamento, estoque, financeiro, contábil e demais necessitam uma maior modernização que compatibilizem essas inovações, assim como sabemos que os profissionais de contabilidade têm sua respectiva limitação.

As empresas ficam a depender mais do fator qualitativo desses profissionais, sob pena de sofrer ônus pecuniários que podem inviabilizar economicamente esses empreendimentos, e seus próprios patrimônios.

É preocupante a situação de professores orientadores de monografias que não tiveram oportunidade de se reciclar, haja vista a necessidade de tal feito para um trabalho de pesquisa com o advento de sua orientação, ou mesmo trabalhos, apresentações, seminários, work class, ou similares que utilizem tal praticidade.

Estou convicto que em sua maioria tal preocupação já fora objeto dessa reciclagem fator esse que reduz preocupações e busca foco na qualidade almejada.


Em face do tema do presente artigos e preocupado com empresas e principalmente com esses profissionais, ressalto que URGE a reciclagem de professores para que possam qualitativamente exercer suas atividades com excelência, principalmente aqueles que não têm exercício laboral que exija a atualização dessas inovações e modernizações em suas atividades.


Temo que caso isso na aconteça, poderá comprometer variáveis derivativas de suas funções implicando na qualidade desejada e poderá ser objeto de comentários dos formandos que já labutam na área.


AUTOR: Elenito Elias da Costa
·          Contador, Auditor, Analista Econômico e Financeiro.
·          Instrutor de Cursos do SEBRAE/CDL/CRC.
·          Professor Universitário Avaliador do MEC/INEP do Curso de Bacharelado em Ciências Contábeis.
·          Consultor do Portal da Classe Contábil e da Revista Netlegis.
·          Articulista da Interfisco e do IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Boletim No.320).
·          Autor de vários textos científicos registrados no Instituto de Contabilidade do Brasil.
·          Sócio da empresa IRMÃOS EMPREENDIMENTOS CONTÁBEIS S/C LTDA.


Jornal Contábil – Edição on-line em 25/07/2012
http://jornalcontabil.com.br/v5/?p=2182

sexta-feira, 13 de julho de 2012

ESTAMOS REALMENTE EM CHECK?


Tantas coisas têm ocorrido no ambiente empresarial e particularmente em termos de envolvimento à contabilidade e ao contador, que às vezes imaginamo-nos como se tivéssemos permanentemente em “check”. Ou seja, colocamos em estado de alerta e crítica as nossas habilidades e competências para tratarmos de coisas e situações que até bem pouco tempo não nos incomodava, a ponto de até questionar se realmente determinadas dessas situações/coisas, são efetivamente do nosso fazer.
 
As novas tecnologias que influenciam direta ou indiretamente o comportamento/sobrevivência das empresas afetam-nos de forma imediata, visto o nosso comprometimento e zelo pela boa disposição patrimonial das entidades. Daí, sentirmo-nos plenamente nesse estado de atenção (ou tensão?) permanente, como a questionar:

§  Nossos saberes;
§  Nossa formação;
§  Nossa responsabilidade e compromisso com a continuidade operacional dos clientes;
§  A permanente e premente necessidade de formação continuada; etc.

No entanto, também, isso deve nos remeter a um estado de forte euforia e ânimo positivo, pois nunca se pensou tanto como agora, na importância do contador gerencial em detrimento do famoso e deprimente “contador darfista”, figura que não somente a classe contábil como o empresariado, quer esquecer.

A propósito, para que não sobrem dúvidas, quem ou como deve ser o contador gerencial?

Tomando emprestada definição aposta em trabalho acadêmico de meus alunos na UESB da disciplina Análise das Demonstrações Contábeis do sétimo semestre de Ciências contábeis, 2012.1 (Diego, George, Rodrigo, Vinicius, Werley):

O Contador Gerencial, também conhecido como Controller tem como função, sob a ótica da contabilidade gerencial, registrar, segregar, disponibilizar e assessorar os administradores da empresa.

Este profissional, para desempenhar, com competência as exigências que o posto lhe demanda, deve ter:

§  Um perfil critico proativo e responsável;

§  Domínio da profissão;

§  Capacidade de manter-se atualizado;

§  Qualificação e estudos continuados para acompanhar a dinâmica empresarial.

Segundo o IFAC - International Federation of Accouting o Contador Gerencial é conceituado como o profissional que: “identifica, mede, acumula, analisa, prepara, interpreta e relata informações (tanto financeiras quanto operacionais) para uso da administração de uma empresa, nas funções de planejamento, avaliação e controle de suas atividades e para assegurar o uso apropriado e a responsabilidade abrangente de seus recursos”.

Como sempre faço, com vistas a melhor consubstanciar nossas reflexões acima, sugiro a leitura do texto abaixo.


Empresas e Profissionais da Contabilidade em Check diante das Novas Tecnologias


Com a implantação pelo governo brasileiro do SPED – Sistema Público de Escrituração Digital causou uma verdadeira revolução no que diz respeito à gestão empresarial no Brasil. Ao contrário do que empresários e profissionais reclamam, os impactos do novo sistema não está na carga ou arrecadação tributária, o problema é ainda maior do que se imagina, pois o impacto do sistema se dá exatamente na gestão empresarial, nos processos internos da empresa.

O nosso sistema tributário continua o mesmo, não há mudanças na sua estrutura ou até mesmo nas alíquotas, ou criação de novos impostos, o que observamos é um verdadeiro e rigoroso controle das operações econômicas e financeiras como nunca antes se imaginou a necessidade de controle, de mapear e implantar gestão de excelência, a fim de dotar a empresa de segurança e confiabilidade das informações prestadas ao fisco brasileiro.

Nesse novo cenário faz-se necessário rever os conceitos, quebrar os paradigmas, adquirir novos conhecimentos, buscar novas soluções, é uma mudança que ocorre a cada 30 ou quarenta anos no Brasil, e considero que ainda que estamos no meio do processo, temos em andamento os projetos, EFD Social – Folha de Pagamento Digital, cujo detalhamento das informações nos mostra bastante complexo, não menos complexo o EFD P/3, controlando todo o processo produtivo de uma indústria, obrigando a informar cada etapa da sua produção e dos valores agregados a ela, e para completar tudo isso o BRASIL_ID, controlando todo o transito de mercadorias através de chips, denominado de RFID, monitoramento por radio frequência.

Outro setor duramente atingido por esse processo é o das Empresas de Serviços Contábeis ou os chamados Escritórios de Contabilidade, que ao encontrar a resistência por parte de seus clientes quanto a necessidade de implementar mudanças, recuam no processo de modernização e mudanças dos seus paradigmas, e no final da história ambos poderão sucumbir diante de uma situação e de um sistema que se torna irreversível a cada dia, não adianta resistir porque o mercado é cruel a lei de mercado trará soluções para suprir esse vácuo que temos hoje de profissionais e tecnologia adequada.

A discussão mais recente que se apresenta nesse momento é quanto a utilização da chamada CLOUD COMPUTING (Clique aqui), computação em nuvens, pelo que nos parece é outro processo irreversível, a engenha de todo esse processo digital implementado pelo governo traz a necessidade de banco de dados unificado, e essa nova tecnologia proporciona essa possibilidade reduzindo custos das empresas no que diz respeito a softwares e hardwares. Muita discussão ainda se trava sobre ela quanto a segurança, o que vem se mostrando bastante confiável.

SPED exige pensar, analisar, conhecer, e, sobretudo ter coragem de mudar.


Texto publicado em 13/07/2012 no JORNAL CONTÁBIL – Edição on-line
http://jornalcontabil.com.br/v5/?p=2112

terça-feira, 3 de julho de 2012

ESTAMOS PREPARANDO OS CONTADORES DO FUTURO?


Continuando com a declinação de péssimos hábitos que possuo, e que são normalmente dirigidos ao massacre dos meus “pobres” alunos, tem um que costumo ser enfático, quando acho que devo fazê-los perceber sobre a necessidade de pensar os contadores como seres capazes de explicar os efeitos patrimoniais, a partir de conceitos / saberes vinculado a outras áreas do conhecimento, como:

  • Economia;
  • Finanças;
  • Estatística;
  • Psicologia;
  • Gestão, etc.


E nesse sentido, interrogo-os quanto tem do trabalho direto do contador nos elementos plenamente operacionais das atividades das organizações (comprar, produzir, vender, etc.). De um modo geral, sempre me respondem com um “nada”. O que é uma pena, se pensarmos a contabilidade, como área do saber, produzida e dirigida para o auxílio na tomada de decisão, dos seus usuários externos e internos aos negócios.

  • Então, como “nada”?

  • A Contabilidade, não é a ciência que tem como objeto, o PATRIMÔNIO das organizações?

  • Ela não demonstra, explica e informa sobre a estrutura e funcionalidade / dinâmica desses PATRIMÔNIOS?

  • Mas como explicá-las sem o conhecimento de como foram construídos, avaliados, processados, geridos esses PATRIMÔNIOS e os ambientes em que ocorreram essas mutações?


Ou seja, nada se explica, nem se sugerem alternativas de continuidades operacionais / administrativas dos PATRIMÔNIOS, sem que relevantes “valores” e/ou conhecimentos sejam apropriados de outras áreas.

E vejam, isso já é muito para a reflexão desses pobres discentes, que na verdade nem imaginam como serão a organização e funcionalidade das organizações que eles irão trabalhar.

Pois bem. É sobre essa questão, que aproveito e sugiro a leitura da entrevista feita pela revista Administradores.com.br com César Sousa CEO da Empreenda Consultoria e considerado um dos 200 Global Leaders of Tomorrow pela World Economic Forum - Suíça.

Vejam a seguir:


Como serão as empresas e a nossa carreira no futuro?


Em entrevista, César Sousa, um dos principais experts brasileiros em estratégia empresarial, relata que os modelos de gestão tradicionais precisam ser sepultados e profissionais precisam promover uma nova postura em suas carreiras



Esqueça o pensamento dos tradicionais "gurus" do século XIX e seus modelos de gestão. A sociedade, os profissionais e a forma de se fazer negócios mudaram drasticamente.

A tese acima é defendida pelo consultor César Sousa, CEO da Empreenda Consultoria e considerado um dos 200 Global Leaders of Tomorrow pela World Economic Forum - Suíça. Para o especialista, que lançou recentemente o livro "A Neo Empresa", o cenário atual exige urgentemente que se abandonem os princípios da Era Industrial, utilizado por muitas empresas até hoje.

César declara que entramos em uma nova fase em que novos valores e necessidades são mais desejados pelos consumidores e profissionais. O Administradores.com conversou com o consultor que apontou algumas formas para se ter sucesso nos negócios e em nossa carreira nesse nova era do management. Confira!

César, o título do seu livro é "NeoEmpresa" e a minha primeira pergunta é justamente sobre isso. O que as novas empresas possuem de diferentes das antigas empresas?

Muitas características da NeoEmpresa são bem diferentes das empresas tradicionais. A NeoEmpresa é uma entidade Multicentrada, que gravita em torno de clientes, pessoas, acionistas, parceiros, investidores, comunidades e demais partes interessadas. Podemos pontuar alguns pontos dessas novas empresas:

  • Constrói um "Mapa de Geração de Valor" decorrente do Significado percebido pelas entidades que fazem parte do seu modelo de negócios. Isso conduz a resultados surpreendentes que vão muito além do "mero" valor econômico.

  • Luta pelo Progresso dos seus Clientes, em vez de apenas buscar o seu próprio progresso. Coloca o cliente no centro do seu organograma, ciente de que o seu sucesso depende do sucesso dos seus clientes, distribuidores e parceiros.

  • Customiza a Gestão das Pessoas, em vez de apenas "Gerenciar Cargos". Respeita a individualidade de cada um, oferecendo uma razão inspiradora para suas vidas.

  • Valoriza o Intangível e não apenas o Tangível. Diferencia-se dos concorrentes por não se limitar à gestão eficiente de capital, equipamentos, estoques, tecnologia e instalações.


Além de incorporar a Sustentabilidade ao seu Modelo de Negócios, colocar a Tecnologia a serviço do Ser Humano e estrutura-se de forma horizontal, direta e flexível.

Essas diferenças aconteceram pelas mudanças de visão e comportamento dos consumidores e das próprias pessoas que fazem as empresas?

Essas diferenças são decorrentes do mundo em reconfiguração em que vivemos. E pelos sintomas atuais que percebemos na maioria das empresas, com estratégias bem arquitetadas que mal conseguem sair do papel e não funcionam quando começam a ser implementadas. Então, nota-se que essas empresas podem possuir até sete elementos problemáticos.

  1. Clientes insatisfeitos com a baixa qualidade do atendimento na hora da verdade, quando usam produtos e serviços que deveriam solucionar suas necessidades;
  2. Pessoas infelizes por não conseguirem desenvolver seu potencial nas empresas e pela falta de significado do dia a dia do trabalho nas suas vidas;
  3. Parceiros e sócios desconfiados, negociando na base dos medos e receios;
  4. Acionistas apreensivos pelos riscos que não conseguem antever nem controlar;
  5. Comunidades que não aceitam mais, de forma passiva, o impacto das empresas no seu cotidiano;
  6. Empresas engessadas com modelos de governança que não se adaptam aos jovens talentos inquietos que fazem parte da chamada "Geração Y";
  7. Empresas que insistem nos tradicionais planos de carreira, na surrada ideia da escada com vários degraus até o topo, enquanto as pessoas têm pressa, preferem subir mais rápido ou caem fora, movendo-se numa velocidade proporcional ao seu talento.


Você acredita que os princípios de gestão e da Administração adotados ao longo de décadas por várias organizações e escolas de negócios estão ficando engessados para essa nova era corporativa que surge?

Sem nenhuma duvida. Os princípios de gestão tradicionais não mais respondem às novas necessidades das empresas nem das pessoas. Estamos formando lideres para uma realidade que já não existe mais. E estamos dirigindo nossas empresas com olho no espelho retrovisor. Ainda somos prisioneiros dos princípios da Era Industrial com ideias criadas no século XIX, publicadas no século XX. E olhe que já estamos na terceira década do Sec. XXI.

O que não funciona mais, por exemplo?

Uma serie de ideias mortas que precisamos sepultar. Exemplos:
  • "espremendo fornecedor é que se aumenta o lucro da empresa"
  • "o segredo é a alma do negócio", coisas assim.

Lembro-me do tempo que muita gente acreditava que "lugar de mulher é na cozinha?" são coisas assim que temos de nos livrar, de ideias obsoletas que ainda povoam a cabeça de executivos nas empresas.

Muito se fala de sustentabilidade e "economia verde". Inclusive, tivemos aqui no Brasil uma conferência de proporções mundiais - a Rio+20. O pensamento nessas causas, em sua opinião, está deixando de ser uma tendência corporativa para se transformar em uma realidade empresarial absoluta? Você acha que as empresas que não tiverem inclinadas a responsabilidade social/ambiental estão fadadas a extinção?

As empresas precisam incluir a sustentabilidade social e a ambiental nos seus modelos de negócios, em vez de apenas ficarem jogando pra plateia. Não é apenas plantando árvores, reciclando lixo ou um projeto social aqui ou outro ali que vamos resolver a questão da sustentabilidade. Aliás, falta a variável mais importante no famoso "triple bottom line"econômico-financeira, social e ambiental. A verdade é que não se trata de um triângulo, mas no mínimo de um quadrilátero: falta a liderança. Acredito que as empresas que não desenvolverem líderes em todos os níveis, essas sim, estarão condenadas a extinção.

Mas em relação à postura desses líderes da NeoEmpresa. O que devemos esperar deles?

Posturas e atitudes completamente diferentes dos líderes tradicionais. Os NeoLíderes serão aqueles que:
  • Constroem causas em vez de apenas oferecer empregos;
  • Formam outros lideres, em vez de seguidores;
  • Fazem mais do que o combinado, em vez de apenas bater metas;
  • Inspiram pelos valores, em vez de pela hierarquia ou pelo carisma;
  • Lideram 360 graus, em vez de apenas dentro das paredes da empresa.


E entre os profissionais em geral? Quais são os caminhos para eles se destacarem em suas carreiras?

Desenvolverem o que chamo de competências intangíveis. Chega de competências tangíveis, de tecnicismo, de ferramentas e de instrumentos, isso tudo é obrigação. Os profissionais competentes que conheço se destacam pelo intangível: 
  • confiança, 
  • comunicabilidade, 
  • capacidade de integração, 
  • relacionamento, 
  • networking, 
  • reputação, 
  • coerência, 
  • determinação, 
  • perseverança, e 
  • muita disciplina. 

Além, obvio da inovação

Eles são inovadores, ousados, mas disciplinados. 

A Era do Management nos ajudou a chegar até este ponto. Agora precisamos dar o próximo passo: 

Repensar e enriquecer alguns dos seus princípios, vislumbrando as características da empresa moderna do século XXI, 

A NeoEmpresa.



Publicado originalmente em:
Administradores.com.br - 29 de junho de 2012, às 17h53min