sábado, 4 de junho de 2011

MAIS DESAFIOS PARA A CONTABILIDADE E OS CONTADORES

Com a convergência às Normas Internacionais de Contabilidade com base no IASB, o mundo contábil brasileiro passou por uma fantástica revolução nos aspectos de pensar, fazer, expor e explicar fenômenos patrimoniais em geral. Com isso, os novos conceitos, teorias e práticas contábeis em geral provocaram uma imensa e intensa revolução na estrutura formal  e de conhecimento do profissional em contabilidade. Entretanto, não poderia ter sido em melhor momento a instauração do exame de suficiência da classe contábil, aprovado pela lei 12.249/2010, com vistas a determinar que acendam à condição de contadores, apenas os profissionais com um certo nível comprovado de qualificação, haja vista a importância e complexidade no fazer contábil.

No entanto, a coisa se apresenta de certa forma preocupante, pois com os resultados apurados na primeira edição do exame de suficiência realizada em fevereiro passado (média nacional de aprovação de apenas 30%, dos candidatos), e, fundamentalmente também em função da maior complexidade do fazer contábil com a implantação das Normas Internacionais de Contabilidade, para as pequenas e médias empresas. Daí os questionamentos:
  • O que esperarmos do corpo profissional contábil em atividade no país? Ou seja, 
  • Poderíamos considerar que os profissionais registrados no CFC, antes da implantação do exame de suciência, também estariam nessa mesma proporcionalidade?
  • 70% deles, não lograriam êxito se fossem submetidos a avaliação semelhante a aplicada em fevereiro passado?
Para completar, o quadro que se apresenta para o futuro próximo não melhora em nada em termos de perspectivas, pois o ano de 2012 chegará trazendo consigo novidades arrepiantes, quanto a essa competência exigida do profissional de contabilidade, pois até lá (2012), as normas internacionais de contabilidade para o setor público já terão de estar implantadas (vide matéria postada a seguir, publicada em boletim noticioso do IBRACON, tendo como fonte o jornal Valor Econômico de 31/05/2011). E então:
  • Esses 70% reprovados no primeiro exame de suficiência qualificar-se-ão adequadamente para serem testados em novas edições do mesmo?
  • As IES de ciências contábeis já efetivamente revisaram suas estruturas curriculares e por conseguinte capacitaram seus docentes para trabalhar essa radical mudança?
Reflexões! 

Reflexões!

Reflexões!

Vejam a seguir matéria publicada em boletim do IBRACON (http://www.ibracon.com.br/noticias/news.asp?identificador=4141):

SETOR PÚBLICO TEM ATÉ 2012 PARA SE ADEQUAR AO NOVO PADRÃO CONTÁBIL

Não são apenas as empresas que estão tendo de se adequar a um novo padrão contábil. O setor público também precisa se estruturar: as normas contábeis para este segmento, (International Public Sector Accounting Standard (Ipsas) - no Brasil conhecido como Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor Público - NICSP), entram em vigor em 2012. O novo padrão pretende dar maior visibilidade à situação patrimonial da União, de Estados e municípios.

As Ipsas são normas internacionais emitidas pelo International Federation of Accountants (IFAC), em níveis globais de alta qualidade para a elaboração de demonstrações contábeis por entidades do setor público. "Atualmente, há cerca de 60 países que estão em processo de implantação dessas normas, seja de forma parcial ou integral", comenta Edmir Lopes de Carvalho, vice-presidente de contabilidade da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

Na opinião do professor do curso de Ciências Contábeis da Trevisan Escola de Negócios, José Geraldo Basante, as Ipsas provocarão na contabilidade pública um impacto maior que o provocado pela instalação do International Financial Reporting Standard (IFRS) nas empresas do setor privado. Assim como a contabilidade societária (lei 6.404/76 atualizada pelas leis 11.638/07 e 11.941/09) está em sintonia com as IFRS desde 2010, a contabilidade pública estará em sintonia com as Ipsas, a partir de 2012. Uma vez que o setor público esteja em convergência com as Ipsas, a contratação de empréstimos com organismos internacionais será mais fácil, opina Carvalho.

Isso acontecerá, segundo ele, porque atualmente a Contabilidade Pública no Brasil encontra-se embasada na Lei 4.320/64 e poucos, mas muito poucos organismos internacionais - mercado, investidores, credores, financiadores, etc. -, entendem ou conseguem interpretar as demonstrações financeiras do setor público brasileiro atualmente. "Com as Ipsas implantadas no setor público haverá uma facilitação na leitura e interpretação das respectivas demonstrações financeiras. Com isso, eu creio que o acesso ao crédito internacional será mais fácil".

Basante, da Trevisan, afirma que esse novo padrão vai revelar termos de ativos patrimoniais do setor público, ou seja, ativos que estão superavaliados e outros subavaliados. "A contabilidade pública, em seu atual estágio, vem passando também por uma reestruturação, em especial no controle de seu Ativo Permanente", observa. "A partir do exercício de 2010, torna-se obrigatório o controle e contabilização da Depreciação de seus bens". Até aquela data, o único controle existente era o desenvolvido por seu setor de Patrimônio, abrangendo apenas as aquisições, transferências e baixas de seu imobilizado.

Conforme destacado nos Artigos 85, 89, 100 e 104 da Lei 4.320/64, a contabilidade evidenciará os fatos ligados à administração orçamentária, financeira, patrimonial e industrial de seus órgãos.

Comparando o novo padrão contábil entre o setor privado e o público, o vice-presidente da Anefac acredita que, com as novas regras, o setor público terá seus ativos patrimoniais aumentados.

Carvalho pondera que as Ipsas são de grande valia, pois a tendência de harmonização internacional das normas contábeis parece ser uma necessidade imposta pela integração dos mercados e uma exigência de investidores e credores. "Aconteceu com a contabilidade societária com a vinda da Lei 11.638/07 em 2008 e agora com a contabilidade pública a partir de 2012", observa. Essa harmonização tem sido discutida pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) que prevê, até o final de 2011, emitir todas as normas convergidas. Para tanto, o CFC criou o Comitê Gestor de Convergência que tem como objetivo desenvolver ações para promover a harmonização das Normas Brasileiras de Contabilidade para o setor público. Carvalho acredita que o Brasil cumprirá o prazo. Basante discorda. "As alterações neste setor precisam de cursos, treinamentos e fortes contradições políticas e administrativas, como ocorre normalmente quando da instalação de qualquer alteração na rotina atualmente desenvolvida".


Fonte: Valor Econômico
Data: 31/05/2011
Autor: Angela Ferreira
  

Um comentário:

  1. A profissão contábil, quer seja na área privada ou pública, tem passado por grandes mudanças: são as normas internacionais, cobrança de uma postura mais gerencial, adaptação a incorporações tecnológicas , dentre outras. Mas, é claro que essas mudanças não são ruins para a valorização do profissional contábil. É preciso porém que estejamos devidamente qualificados.Todos os envolvidos deverão se mobilizar em prol deste fim. É interessante que o profissional que não precisou ser submetido ao exame de suficiência, baixar a prova e responde-la para verificar o nível do seu conhecimento e sendo satisfatório, não se morre ai, o profissional contábil deve a todo tempo investir na sua capacitação. O nosso grande e saudoso Prof. Dr Lopes de Sá dizia que nós contadores temos a obrigação de levar as células sociais (empreendimentos) à prosperidade. Eu ouso a acrescentar que nós temos o dever de fazer com que o Brasil seja um país melhor para todos, pois uma vez que as entidades forem melhor administradas a probabilidade de conquistarmos isso será crescente.

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