Pois é!
Façamos sempre aquilo que embora não sejamos "experts", mas que tenhamos ao menos alguma "expertise" sobre o assunto. Sendo assim, que falemos daquilo que nos afeta mais diretamente, que são as coisas ligadas à área dos negócios. Contabilidade por exemplo.
Primeiro, aproveito para divulgar e óbvio convidar as pessoas interessadas a comparecer em mais um evento promovido pela FAINOR, dessa vez organizado pelas IES de Ciências Contábeis e de Administração, o 1º EFACC (Encontro das Faculdades de Administração e Ciências Contábeis), que ocorrerá de 24 a 26 de maio, onde, dentre outros temas, discutirá aspectos voltados a Tópicos Contemporâneos em Contabilidade. Lá, por exemplo, ministrarei no sábado 26/05/2012 das 08 às 12 horas o seminário: Semiótica
na Comunicação entre a Contabilidade e os seus Usuários.
E, como forma de demonstrar minha satisfação em falar de coisas ligadas a contabilidade, peço aos senhores, a atenção na leitura do texto abaixo produzido por um dos ícones da área de negócios, Antonio Marmo Trevisan (Auditor e consultor de empresas desde 1970, graduado em Ciências Contábeis pela PUC de São Paulo. Diretor e Fundador da Trevisan Escola de Negócios, entidade de ensino que se tornou referência nacional pela tecnologia instalada e metodologia diferenciada em cursos de graduação, extensão, pós-graduação e MBA).
Vejam o texto, ele fala por si só:
Respiramos
Contabilidade, apenas porque nos faz bem, e bem para a Sociedade
Por
Antônio Marmo Trevisan
A
ciência da sinceridade
No Brasil do capitalismo
democrático, a contabilidade é cada vez mais relevante, um fator decisivo para
a credibilidade dos setores público e privado.
A ciência contábil floresce
e se desenvolve quanto mais democrático for o país. Balanços publicados dão a
dimensão do desempenho das organizações. Se os lucros dos bancos são maiores do
que a soma dos obtidos pelas outras empresas listadas na Bolsa de Valores,
conclui-se que os juros estão elevados e sugam parte da saúde financeira dessas
firmas. E mais: a política monetária é alterada em função dessa informação. Se
o balanço da previdência indica despesa maior do que as contribuições, o
sistema está comprometido.
Imaginem informações dessa
natureza em ditaduras. Tiranos controlam seu povo sem lhes dar condições de
divergir, e a contabilidade é ciência da sinceridade! A relevância do contador
é de tal ordem, que em países como a Inglaterra o orçamento do governo é
assinado por um desses profissionais e entregue ao Parlamento pelo primeiro
ministro, em ato de visibilidade pública. Jornais e revistas debatem o
orçamento e programas de TV e rádio passam temporadas tratando do tema. Ser
contador no Reino Unido tem tal significado que até pouco tempo atrás era a
rainha quem entregava solenemente a carteira profissional.
Por que no Brasil a
contabilidade não foi tratada da mesma forma? Por que os nossos jovens não se
entusiasmam pela carreira? Afinal, paga-se muito bem, o mercado sempre demanda
esse profissional e ele pode ser um empresário. Parece que a profissão perdeu
parte da relevância na ditadura. Informação clara não era o que se queria levar
à sociedade. Outro aspecto foi a inflação dos anos 70 e 80 e parte dos anos 90.
Durante quase três décadas, nossos bravos contadores ficaram de cabelos
brancos, cuidando de corrigir monetariamente os balanços. Sem falar na
interferência do fisco, que fazia da contabilidade o seu instrumento para
calcular e taxar.
Parte das mudanças veio com
a Lei das Sociedades por Ações, de nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976,
iniciando-se um processo de arejamento da contabilidade brasileira,
possibilitando a abertura do mercado de capitais e viabilizando recursos da
poupança para as empresas. Mais recentemente, a lei 11.638, de 28 de setembro
de 2007, adequou nossa contabilidade às normas internacionais.
A grande missão da
contabilidade desde o seu criador, o frei Luca Bartolomeo de Pacioli, é
estabelecer a responsabilidade no trato da coisa pública e privada. Este
elementar princípio, que ele descreveu em 1494, instituiu uma nova ordem, que
indicava ser impossível que alguém aplicasse um recurso sem ter a sua origem
definida. Quando não se respeitam tais pressupostos, tende-se a montar
orçamentos que não fecham, contas que não batem e empresas e países que
quebram.
No Brasil atual do
capitalismo democrático, a contabilidade é cada vez mais relevante, um fator
decisivo para a credibilidade dos setores público e privado. Por isso, é
fundamental a formação de novos contadores altamente capacitados no plano
técnico e conscientes de seu papel no desenvolvimento. Que os jovens descubram
essa emocionante profissão.
Artigo publicado no Brasil
Econômico.
Fonte: JornalContábil
– Edição on-line