“Onde estão os
contadores especializados?”
Essa é uma questão recorrente do mercado de
contabilidade após a adequação da nossa contabilidade aos padrões
internacionais.
Quando os estudantes dos cursos de
contabilidade no Brasil exigirão de suas faculdades de ciências contábeis,
integral aderência a esses reclames do mercado de trabalho contábil?
Pensando nossa realidade, não vejo incentivos
para estudos científicos produzidos academicamente por docentes e discentes que
nos leve a investigar se:
§ As estruturas curriculares, instalações e
tecnologias disponíveis (laboratórios, inclusive bibliotecas);
§ Qualificação de professores e dirigentes dos
cursos de ciências contábeis;
§ Implantação de atividades de extensão
universitária.
Estão efetivamente de acordo com as exigências
dos referidos padrões contábeis, e, consequente necessidade desse mercado em
expansão permanente desde 2009.
Para reflexão e avaliação crítica sugiro a
leitura do artigo postado.
País precisa de contadores
A partir da adequação obrigatória ao novo padrão internacional de
contabilidade, os International Financial Reporting Standards (IFRS), em 2009,
ocorreu uma grande transformação no mercado de auditoria e consultoria do
Brasil.
Na mesma época, o Conselho Federal de
Contabilidade emitiu diversas resoluções, estabelecendo um novo padrão contábil
para as empresas que não estavam enquadradas na Lei 11.638/2007, conhecida como
a Nova Lei das S.A., cujo objetivo principal é harmonizar as regras brasileiras
com as implementadas no mercado europeu. Com isso, chegou a vez de as pequenas
e médias empresas se adaptarem às normas internacionais.
A aplicação dos International
Financial Reporting Standards elevou os níveis de transparência, pois os
balanços tornaram pública a real saúde financeira e patrimonial das empresas, e
a conversão das normas internacionais de relatórios financeiros permitiu às
companhias pequenas e médias remodelar os negócios com índices reais de
desempenho. Além disso, nos últimos anos surgiram novas obrigações com o Fisco,
como o Sped Contábil, o Sped Fiscal e a Escrituração Fiscal Digital (EFD) do
PIS e da Cofins, que tomam muito tempo dos profissionais ou exigem a
contratação de outros especialistas no assunto.
Queda
Mas ao olharem para o lado, empresários
e empreendedores se perguntaram: “Onde estão os contadores especializados?”
Neste sentido, a situação não fica
muito diferente quando pensamos apenas no Estado de São Paulo. São 133.848
profissionais, sendo 73.309 contadores e 60.539 técnicos contábeis registrados.
Há 19.739 organizações contábeis, das quais 9.257 são constituídas por
empresários ou escritório individual, e temos um saldo de 10.482 sociedades.
Cabe ressaltar que, dos 73 mil contadores registrados, uma parcela atua como
auditor, perito ou consultor sem trabalhar diretamente como contador.
“Em dez faculdades paulistas
pesquisadas pelo IBGE, aproximadamente duas mil vagas para Ciências Contábeis
são abertas por ano. Supondo que apenas 60% cheguem ao fim do curso, teremos em
torno de 1.200 profissionais. Deste total, se 60% trabalharem na área,
chegaremos a 720. Como desde 2011 o setor adota o exame de suficiência para
poder se registrar no Conselho Regional de Contabilidade e o índice de
aprovação na última edição foi de 54%, teríamos apenas 389 pessoas aprovadas
por ano”, analisa o diretor da BDO RCS.
Deste total, mesmo que aprovadas, nem
todas as pessoas terão o CRC ou o conhecimento pleno das normas dos IFRS. “Não
é possível saber ao certo quantos profissionais habilitados ingressam no mercado,
mas certamente é um número insuficiente para atender à demanda que não para de
crescer nos escritórios contábeis, nas empresas de auditoria e consultoria e
nos milhares de empresas que possuem contabilidade interna”, diz Amano.
Impactos
Segundo Amano, as mudanças dos IFRS
viraram do avesso a rotina dos contadores brasileiros, uma vez que as regras
eram bem diferentes das aplicadas no mercado nacional. As adaptações às normas
internacionais foram feitas por meio da Lei n. 1.638/2007, -que atualizou a
Nova Lei das S.A.- e dizem respeito principalmente às demonstrações contábeis.
Para que a contabilidade brasileira pudesse estar de acordo com os IFRS, foram
introduzidos também novos conceitos na legislação societária do País. “Um dos
maiores desafios que enfrentamos foi convencer os contadores de que a norma
contábil é soberana e está acima da legislação tributária. Muitos deles,
especialmente os que lidam com pequenas e médias empresas, tiveram ou ainda têm
uma grande resistência em se adequar às normas dos IFRS, pois elas alteram a
forma de lançamento contábil que o contador estava acostumado a fazer com base
na legislação tributária.”
A Lei n. 11.638/2007 entrou em vigor
no primeiro dia de 2008, estendendo-as às sociedades de grande porte, ainda que
não constituídas sob a forma de sociedades por ações.
Publicado Jornal
Contábil em 27/04/2012
Fonte: DCI – SP
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