No próximo dia 22/09 será comemorado o dia nacional do contador. Mas hoje antecipadamente, trato dessa justa homenagem. Costumo dizer aos meus alunos, que não sou contador por vocação, e sim, por opção. No entanto, hoje, não tenho a menor idéia (nem quero tê-la), como seria uma outra profissão (sociólogo por exemplo), pois aprendi efusivamente a vibrar, a me emocionar, a me realizar intensamente, em me fazer feliz plenamente, sendo contador em tempo integral.
E, ultimamente, essa minha opção tem-me dado tanta satisfação e orgulho, que para melhorar de forma exponencial, bastaria apenas que eu pudesse dizer de peito arfante, que somos uma categoria composta de profissionais leitores no sentido amplo da expressão. Porque isso? Por que ainda vejo os contadores como profissionais de meias palavras (por falta ou desconhecimento da palavra inteira). E, isso só se consegue com muita leitura (de qualidade)...
Mas sim, voltemos às homenagens, afinal amanhã, não estará destinado a críticas ácidas (mas as tenho como construtivas). E, como forma de demonstrar o tamanho da minha alegria e orgulho, leiam abaixo a matéria que foi publicada no Jornal do Comércio do Rio Grande do Sul:
Evolução da contabilidade destaca profissão em alta
Desde
o surgimento das civilizações, a função do contador esteve presente na história
da humanidade. Surgiu da necessidade social de proteção dos bens e registro dos
fatos ocorridos com os objetos materiais e hoje, no século XXI, desponta como
uma das mais promissoras carreiras
A
contabilidade está se modernizando e cada vez mais se adequando às exigências
do mundo globalizado. Da antiga caneta de tinteiro utilizada para os registros
no livro diário aos tablets que facilitam a conexão com o mundo, a profissão
evolui rapidamente. Os antigos guarda-livros precisaram mudar o seu conceito
profissional, introduzindo no dia a dia os conceitos mais modernos que alteram
a postura e a mentalidade cultural. No Brasil, por exemplo, o momento é de
adaptação às normas internacionais, as IFRS (International Financial Reporting
Standards), na sigla em inglês. A escrituração totalmente manual, que acumulava
pilhas de papéis em diversos arquivos de papelão, deu lugar à tecnologia. Todo
registro é compactado em arquivos virtuais e a emissão dos documentos é
realizada de maneira digital.
No
Dia do Contador, 22 de setembro, os profissionais da contabilidade têm muito a
comemorar. Festejam a evolução dos tempos e a crescente valorização da
carreira. “Temos mais força política, estamos mais organizados, mais
estruturados”, comemora o presidente do Conselho Regional de Contabilidade
(CRC-RS), Zulmir Breda. Contador há mais de 30 anos, Breda diz nunca ter visto
um momento tão bom para a carreira.
Apesar disso, com tantas alterações na rotina do contador, o principal desafio ainda é a mudança no perfil para se adequar às exigências do novo mercado de trabalho. Por estar atrelada a regras e fórmulas, a profissão se consolidou como uma profissão tipicamente conservadora, que acabou moldando o perfil deste trabalhador. “Está havendo uma transformação cultural, pois envolvem tanto aspectos técnicos e científicos quanto comportamentais”, diz Breda, ao explicar que o contador passa a ser uma figura proativa, tanto no setor público quanto no privado.
oportunidades
cresceram rapidamente motivadas pelas novas regras internacionais, exigindo do
profissional contábil maior qualificação, que vai desde o conhecimento técnico
ao domínio da língua inglesa. “Muitos estão sentindo essas mudanças como um
desafio insuperável, outros veem como algo que deve ser encarado e melhorado”,
conta o presidente. As transformações são mais difíceis aos mais antigos, pois
os mais jovens já estão adaptados aos novos softwares e à língua estrangeira.
“As pessoas que não estão acompanhando essas mudanças querem sair do mercado”,
lamenta.
Qualificação é fundamental
A
contadora e advogada Nara de Oliveira está convencida de que o profissional
precisa se especializar. Formada em Ciências Contábeis desde 1997, verificou, na
prática, que os conhecimentos adquiridos na faculdade não eram suficientes.
Sentiu a necessidade de aprofundar seus conhecimentos em legislação, em
especial na área tributária. “Precisamos saber tudo sobre tributos, leis,
obrigações das empresas com o fisco, transações no mercado, enfim, é muita
coisa”, desabafa. Por essa razão, buscou no curso de Direito o apoio de que
precisava. “Não podemos cuidar dos interesses dos nossos clientes apenas com
breves noções de Direito”, ressalta.
Hoje
está formada nas duas faculdades e atua nas duas áreas, que, segundo ela, são
suas grandes paixões, depois da família. Mas a inspiração para a sua formação
em Contabilidade veio do seu cunhado, Vitor Sundstron, já falecido. Aos 14
anos, ela o observava e admirava o seu trabalho junto com a irmã. Sempre que
podia, vasculhava os documentos que ele levava para trabalhar em casa. Sonhava
um dia em ser contadora.
Nara
abriu a Audimaster Consultoria Contábil Ltda. e a Mérito Jurídico Consultoria.
Para ela, a formação constante de sua equipe é uma prioridade. O escritório
conta com oito profissionais divididos entre as duas áreas. “Eles precisam
saber de tudo para poderem dar as respostas necessárias ao cliente”, destaca.
Cresce o número de faculdades
Com
um futuro tão promissor, aumenta, consequentemente, o número de cursos em
Ciências Contábeis. No Rio Grande do Sul são 56 faculdades, sendo uma das áreas
mais procuradas em todo o Estado. Mas quantidade não é garantia de qualidade. A
prova disso está no resultado do último Exame de Suficiência realizado pelo
Conselho Federal de Contabilidade (CFC), em junho deste ano, que aprovou apenas
30,17% dos 16.608 inscritos em todo País. A dedução do presidente do CRC-RS é
que as faculdades não estão conseguindo formar bons profissionais. “Temos um
paradoxo, pois há um grande número de contadores no mercado, mas insuficientes
em qualidade”, admite Breda.
Mesmo
assim, esses jovens são mais dinâmicos e buscam outros meios de informação e de
atração de clientes, que são as redes sociais. Segundo Breda, que acompanha o
movimento dos jovens contadores nos cursos e programas promovidos pelo CRC-RS,
esta é uma ferramenta bastante utilizada que faz com que se aproximem da
realidade do mundo moderno. Apesar disso, na contramão dos tempos, esses mesmos
profissionais, apesar da mentalidade mais adaptada às novas tecnologias, ainda
possuem os mesmos objetivos que seus pais e avós buscavam no século passado, a
estabilidade do concurso público. De acordo com o presidente, cerca de 80% dos
alunos dos cursos de contabilidade almejam carreira em órgãos públicos. Um dos
atrativos, além da garantia de emprego seguro, é o bom salário ofertado. “Não é
ruim este pensamento, mas não estamos formando empreendedores”, conclui.
Os
ganhos da profissão, que não possui piso salarial, vão de R$ 1.500,00 a R$ 30
mil no setor privado. Já na área pública varia de acordo com cada instituição,
mas a média fica entre R$ 8 mil e R$ 12 mil. O presidente do Sindicato dos
Contadores do Rio Grande do Sul (Sindiconta/RS), Tito Celso Viero, explica que
a questão salarial também depende da especialização do profissional. A luta do
sindicato, de acordo com o presidente, é pela qualificação para que,
consequentemente, a sociedade valorize cada vez mais o profissional. O
sindicato também incentiva a mudança de pensamentos e atitudes frente ao novo
mundo. “O contador ainda está muito voltado ao seu trabalho e queremos que ele
se conscientize da necessidade de continuar estudando e de mudar a maneira de
ver a profissão, pois hoje ele é o protagonista desta história”, diz o
presidente.
Novo perfil dita reformulações no currículo
As
faculdades de Ciências Contábeis precisaram passar por uma profunda
reestruturação após as Normas Internacionais (IFRS). A grade curricular precisou
se reformular a fim de trazer os novos conceitos aos estudantes. “O aluno
continua tendo as disciplinas de tributos, mas buscamos trabalhar o
planejamento tributário e contábil para que ele não seja um mero auxiliar das
receitas”, diz o professor e coordenador do curso de Ciências Contábeis da
Ufrgs, João Marcos Leão da Rocha.
Para
a professora Neusa Monser, coordenadora do curso no IPA, as disciplinas possuem
uma linha de formação voltada à controladoria mais focada na gestão. Segundo
ela, o profissional necessita de uma base de conhecimento bastante ampla, não
somente técnica, mas precisa estar preparado para auxiliar os empresários nas
tomadas de decisões. “As instituições de ensino estão num processo de revisão e
boa parte já se modernizou”, comenta Neusa, que acredita que as faculdades já
estejam adotando essa nova tendência.
Para
a aluna do IPA Maria Verene Bustamante, de 55 anos, a Contabilidade está sendo
a sua realização pessoal. Já prestes a finalizar o curso, está otimista com as
mudanças na carreira. Apesar da idade, ela não se intimida com o mercado, pois
sua experiência como técnica a fez compreender melhor os desafios da profissão.
Estagiária de uma grande empresa, é voluntária do programa em parceria do IPA
com a Receita Federal do Brasil, o Núcleo de Apoio Fiscal (NAF), que oferece
auxílio fiscal e empresarial à comunidade. A estudante do segundo semestre da
Faculdades Monteiro Lobato (Fato) Lorilene Quevedo, 37 anos, diz que o curso
está abrindo seus horizontes. Atualmente trabalha numa empresa do setor de
transporte e também é voluntária do NAF.
Carreira na área pública é uma opção para quem busca estabilidade
Segurança,
estabilidade, salário compatível com a função, são um dos atrativos procurados
pelos candidatos que querem uma oportunidade na carreira pública. Foi o que
buscou o agente fiscal Pedro Gabril Kenne da Silva, formado em Contabilidade
pela Universidade Federal de Santa Maria desde 1981. Ele chegou a importantes
cargos de comando, como contador e auditor-geral do Estado, foi secretário da
Administração e dos Recursos Humanos do Estado e presidente da Procergs.
Para
Gabril, trabalhar na área pública é uma grande satisfação embora admita que o
contador que abre uma empresa e possui diversos clientes tem a chance de obter
ganhos muito maiores. Mas no setor público, as oportunidades também são grandes
e o profissional pode ter grande sucesso com crescimento na carreira.
A
principal diferença da contabilidade pública para a empresarial, segundo
Gabril, é que o enfoque não está no resultado, não existe a preocupação com o
patrimônio, e sim com o orçamento. As normas internacionais também modificam as
regras no setor público. “A sociedade passou a exigir dos governos mais
produtividade, eficiência e eficácia nas ações dos governos e, isso é sinal de
que ela está atenta, colocando os olhos no gasto público”, comemora Gabril que
vê as mudanças muito positivas para os estados, pois a área pública começa a
perceber os benefícios da mudança. “Os servidores públicos estão em processo de
capacitação e assimilação desta nova contabilidade”, comenta o agente fiscal e
diz que a evolução da tecnologia no setor público também tem forçado a busca
constante do aperfeiçoamento.
De
acordo com Gabril, a oferta na área pública é bastante grande e o leque de
opções favorece a escolha do profissional. O agente fiscal recomenda este
caminho aos novos contadores que podem trabalhar no controle e auditoria
interna de diversos órgãos, podendo atuar como agentes fiscais nos níveis
federal, estadual e municipal, e em muitas outras áreas. Ele desmistifica a
ideia de que a contabilidade no setor público é mais difícil. “Com as novas
normas, ela se aproxima da forma comercial”, explica.
Profissionais dinâmicos são requisitados pelo mercado
Aquela
antiga concepção do contador quieto, tímido, comedido que ficava escondido numa
sala ao fundo do corredor das repartições junto a pilhas de livros e papéis é
coisa do passado. O mercado vem exigindo deste profissional uma nova postura. O
contador do século XXI precisa ser versátil, ter domínio técnico, estar
atualizado e necessita conhecer profundamente a empresa em que trabalha em
todas as suas variantes, dever ter capacidade para auxiliar o cliente nas
tomadas de decisões. “O mito do contador sem perfil para ser gestor é uma
inverdade”, defende o presidente do CRCRS, Zulmir Breda, justificando que este
profissional tem conhecimentos e ferramentas que muitos não possuem.
Para
o presidente das Empresas de Serviços Contábeis, e das Empresas de
Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul
(Sescon/RS), Jaime Gründler Sobrinho, o mercado está exigindo maior
qualificação do profissional, pois a demanda de serviços aumentou. De acordo
com o sindicato, são 144 obrigações diárias e semestrais em que a profissional
gasta muitas horas do seu dia com preenchimento de documentos para emissão via
online.
A
crítica do presidente do Sescon/RS é que surgem inúmeras novas obrigações que
não eliminam as anteriores, e quase todas cumprem a mesma função, tornando o
trabalho cansativo e repetitivo. Segundo ele, o contador-empresário tem
inúmeras responsabilidades e precisa redobrar a sua atenção, dividindo esforços
entre toda a sua clientela. Mas reconhece que há carência nesta
qualificação. “O contador também precisa ter habilidade para mostrar ao cliente
as mudanças geradas na contabilidade”, reforça.
Fonte: JC RS
Jornalcontabil.com.br
– Publicado em 21/09/2011
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